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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Fugindo do terremoto que destruiu o país, refugiados do Haiti são qualificados pela Escola Senai da Construção

09/03/2018 07h33

A primeira turma fruto dessa cooperação entre Senai e Plaenge conta com 25 alunos haitianos e foi aberta no dia 1º de março deste ano com previsão de término no próximo dia 14 deste mês

Redação

Em busca de uma melhor colocação no mercado de trabalho brasileiro, um grupo de refugiados do Haiti, que deixaram a terra natal depois que um terremoto destruiu parte do país em 2010, chegou a Mato Grosso do Sul em meados de 2014 e, graças a uma parceria entre a Escola Senai da Construção e a Plaenge, agora estão próximos de conquistar o tão sonhado emprego formal. Esses haitianos serão incorporados no quadro de funcionários da Plaenge após concluírem o curso de fundamentos de pintura imobiliária oferecido pela Escola Senai da Construção.

A primeira turma fruto dessa cooperação entre Senai e Plaenge conta com 25 alunos haitianos e foi aberta no dia 1º de março deste ano com previsão de término no próximo dia 14 deste mês. Porém, essa formação não será a última, pois a Plaenge já solicitou à Escola Senai da Construção a abertura de outras duas turmas, com 25 alunos cada, e cujas aulas deverão ser encerradas até maio deste ano.

“A maioria dos haitianos que vieram para Mato Grosso do Sul fica em Campo Grande à procura de emprego, mas a falta de qualificação profissional e de domínio do idioma dificulta o acesso ao mercado de trabalho. Por isso, o grande impasse é realmente não ter a prática do trabalho e eles têm de ser preparados. É nessa parte que a Escola Senai da Construção entra, oferecendo cursos que possam qualificar essa mão de obra formada por refugiados do Haiti”, explicou o gerente Roger Benitez.

Ele completa que a Escola Senai da Construção tem várias modalidades de atendimento às demandas das indústrias, com cursos técnicos e de qualificação. “Muitas vezes, quando há necessidade de atendimento rápido a uma empresa, como foi esse caso da Plaenge, desenhamos este curso conforme a demanda da empresa, que traz toda a parte teórica, a questão da Segurança do Trabalho dentro das atividades que eles exercerão”, pontuou.

Expectativa

Para os alunos, fica a esperança de que, com um currículo mais “turbinado” por cursos de qualificação do Senai, as oportunidades de crescimento no Brasil apareçam. “Campo Grande tem uma coisa diferente. Já trabalhei em outras cidades de outros Estados e aqui o mercado de trabalho é mais exigente. Você precisa saber fazer um pouco de tudo e ser realmente bom em alguma coisa se quiser ser contratado”, afirmou o haitiano Rosemond Pitard, 44 anos, que há quatro anos está na Capital.

Membro de uma associação que reúne os haitianos refugiados em Mato Grosso do Sul, Rosemond Pitard já domina o português e afirma que grande parte deles aprendeu o novo idioma trabalhando na construção civil. “Todos chegaram ao Brasil pelo Acre e depois foram para outros Estados para procurar um emprego melhor. Em Mato Grosso do Sul, a maioria veio para trabalhar na construção do Aquário do Pantanal e, quando a obra parou, eles foram para outras empresas, para outras cidades, sempre procurando uma colocação no mercado da construção”, contou.

Segundo ele, a associação, que orienta os refugiados sobre como se regularizar no Brasil, contabiliza cerca de 100 haitianos em Campo Grande porque a maior parte deles hoje vive em Três Lagoas e Itaquiraí, trabalhando em frigoríficos e usinas sucroenergéticas. O haitiano Janel Valerin, 31 anos, espera que, com o curso, consiga incrementar a renda para mandar mais dinheiro para os pais, que continuam no Haiti.

“Morei em São Paulo (SP) durante um tempo, mas vejo que Campo Grande tem muitas oportunidades para quem realmente quer trabalhar. Depois desse curso oferecido pela Escola da Construção, já quero fazer outros porque tenho gostado demais do que o Senai me ensina”, afirmou Janel Valerin.

Como os haitianos receberam a condição de refugiados por parte do Governo Federal, eles têm direito uma carteira de identidade de estrangeiro e, por meio dela, garantem acesso aos direitos sociais e trabalhistas. Nessa condição, os haitianos podem desenvolver trabalho formal do Brasil como qualquer brasileiro.

Aprendizado de mão dupla

A instrutora do curso, Priscila Rodrigues Lucas, afirma que diariamente aprende novas lições com a turma, enquanto ela também ensina não somente os conceitos de pintura imobiliária, mas a persistirem na construção de uma vida melhor no Brasil. “A construção civil oferece inúmeras possibilidade de ascensão e é muito comum o colaborador entrar na empresa como servente. Com a qualificação, é possível conquistar uma promoção para o cargo de oficial, cuja remuneração é bem maior”, explicou.

Por isso, acrescenta Priscila Lucas, é preciso incentivar os alunos diariamente a procurar outros cursos. “O próprio Senai tem em seu portfólio diversas opções de qualificações técnicas, graduações, inclusive gratuitas, para que possam ascender nesse mercado, que é bastante promissor. Os alunos haitianos demonstram bastante interesse, fazem muitas perguntas, mesmo que alguns não dominem bem o português, eles contam com a ajuda do nosso intérprete, principalmente por causa dos termos técnicos, então tem sido uma troca de experiência bem legal”, garantiu.

Seguindo as necessidades da Plaenge, a Escola Senai da Construção elaborou um curso de iniciação, com carga horária de 30 horas-aulas e grade curricular que aborda procedimentos básicos de pintura em obras imobiliárias, reconhecer a proporção de substrato para aplicação da pintura, identificação do tipo de aplicação de tintas e texturas e normas de saúde, segurança e meio ambiente.

“A Escola Senai da Construção oferece toda a estrutura física de ponta, com salas de aula novas e equipamentos modernos, além de instrutores capacitados e horários flexíveis, para que os funcionários possam dar expediente na empresa e, em turno diferente, comparecer às aulas”, completou o coordenador pedagógico Alexandre Anastácio de Oliveira.

(*) Assessoria de Comunicação

Para os alunos, fica a esperança de que, com um currículo mais “turbinado” por cursos de qualificação do Senai (Foto/Assessoria)

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