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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Globo estreia novela com núcleo de personagens gays

16/01/2011 18h32 – Atualizado em 16/01/2011 18h32

A nova novela estreia hoje

Folha On-line

Depois de matar em uma explosão um casal de lésbicas em “Torre de Babel” (1998) e de cortar uma cena de beijo entre homens em “América” (2005), a Globo terá, a partir de amanhã, uma novela com um núcleo de personagens homossexuais.

Nova trama das 21h, “Insensato Coração” terá um quiosque na praia frequentado por gays. A dona (Louise Cardoso) é mãe de um garoto homossexual e se envolve com um jornalista (Cássio Gabus Mendes) homofóbico.

Segundo Gilberto Braga, autor da novela, a relação dos dois será a questão mais importante do núcleo. Começará no capítulo 100 e será uma comédia romântica.

Para ele, a criação de um núcleo gay não é uma evolução em relação a tramas anteriores, que já tiveram casais homossexuais. “É uma tentativa de ter alguma novidade”, afirma Braga.

O autor declarou que não haverá em “Insensato Coração” o primeiro beijo gay da teledramaturgia brasileira.

Doutor em teledramaturgia, Mauro Alencar diz que “é preciso caminhar passo a passo, pois as diferenças do pensar e sentir no Brasil são gigantes, e a novela é um gênero que dialoga com todas as camadas sociais”.

“Mas pressinto que a qualquer momento o tão esperado beijo gay poderá ocorrer, como já aconteceu na novela argentina ‘Botineras’, de 2009/10. Outras intimidades, como o carinho entre o casal gay de “Ti Ti Ti”, já estão com boa aceitação”, diz.

André Fischer, diretor do portal GLS Mix Brasil, afirma que “a Globo tem dado provas de que é simpatizante à causa gay, pela maneira positiva como apresenta casais gays em suas novelas”.

“Os canais GNT e Multishow, da Globo, têm uma extensa programação gay e simpatizante onde não faltam beijos gays. Além disso, ‘Jornal Nacional’ e filmes já mostraram vários beijos gays. Ou seja, o tabu é beijo em novela”, avalia.

ESCANDALIZAR

O autor de novela Marcílio Moraes (“Vidas Opostas”), que trabalhou na Globo nas décadas de 80 e 90 e hoje escreve para a Record, afirma achar “sempre importante e oportuno apresentar personagens gays nas novelas”.

“Ainda hoje é uma questão carregada de preconceitos e restrições. Em ‘Ribeirão do Tempo’, pensei em inserir um casal masculino gay. Depois concluí que, além de não ser uma temática que eu tenha segurança de dominar, provavelmente não daria para desenvolver a trama como eu imaginei. E desisti.”

“O que existe é um temor das TVs de escandalizar o público e mexer com a audiência. Isto sem falar na classificação indicativa, que sempre serve de pretexto para as empresas limitarem a liberdade dos autores em casos assim. Se dependesse dos autores, tenho certeza de que o beijo gay já teria acontecido há muito tempo nas novelas.”

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