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quinta-feira, 28 de março de 2024

Ibama interdita estrada e pára onda de migração ao Amazonas

15/10/2002 16h32 – Atualizado em 15/10/2002 16h32

Construída ilegalmente pelo prefeito de Manicoré, Raimundo Nena, a estrada de acesso à rodovia Transamazônica, conhecida como “Terra Roxa”, foi interditada hoje pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). Devido à divulgação sobre a elevada fertilidade da terra, o projeto já estava provocando uma nova corrida de migrantes para o sul do Amazonas.

A ?picada? da estrada tinha sido construída na semana passada. As máquinas entrariam no fim de semana derrubando as árvores e terraplanando o seu leito, segundo o gerente-executivo do órgão no Amazonas, José Leland. “O Ibama chegou antes”, avisou Leland, acrescentando que duas equipes de agentes foram deslocadas ao município de Manicoré, sul do Amazonas, para impedir a construção da estrada.

Leland disse que o prefeito pretendia assentar centenas de famílias às margens da nova estrada, ricas em terras roxas e também conhecidas como “terra de índios”. As áreas, reconhece o gerente-executivo do Ibama, apresentam elevada fertilidade e o projeto estava atraindo famílias de sem-terra dos estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará.

A estrada não tinha licenciamento ambiental ou sequer um estudo de impacto ambiental. “A estrada saiu somente da cabeça do prefeito”, disparou o gerente-executivo, lembrando que a área também é muito rica em madeira nobre, inclusive o mogno.

Leland afirmou que, sem a estrada, as possibilidades de conservação das florestas do Sul do Amazonas continuarão elevadas. Segundo cálculos do órgão, a nova estrada teria 270 quilômetros dentro da selva rigorosamente intacta, até chegar à rodovia Transamazônica, num ponto a 170 quilômetros da cidade amazonense de Humaitá.

O prefeito Raimundo Nena não foi encontrado hoje para falar a respeito da interdição da estrada.

Fonte: Agência JB

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