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quinta-feira, 28 de março de 2024

Indígenas recebem certificados do Senai e podem trabalhar

30/04/2013 08h15 – Atualizado em 30/04/2013 08h15

Indígenas recebem certificados do Senai em Sidrolândia e estão prontos para o mercado

Os alunos fizeram os cursos gratuitos de padeiro, pedreiro e costureiro industrial oferecidos no âmbito do Pronatec Indígena

Da Redação

A índia terena Maria Aparecida da Silva Bernardo, 41 anos, um dos 21 indígenas das aldeias Córrego do Meio, Lagoinha e Tereré concluintes dos cursos gratuito de padeiro, pedreiro e costureiro industrial oferecidos pelo Senai em Sidrolândia no âmbito do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) Indígena, já está praticando em casa o que aprendeu para começar a vender sua produção de pães e massas na aldeia e na cidade. “Agora quero começar minha produção para aumentar a renda e ainda sem a necessidade de sair da minha casa”, disse durante a cerimônia de formatura realizada ontem à noite (29) na Câmara Municipal.

Do mesmo modo pensa a indígena Lidiane Alves da Silva, 28 anos, concluinte do curso de costura industrial. “Também tenho aproveitado para fazer reparos de roupas em casa. Dentro da aldeia conseguimos desenvolver pequenos trabalhos e ajudar uns aos outros”, afirmou. Para Cleures Antônio Pereira, 20 anos, concluinte do curso de pedreiro, a iniciativa permitiu o desenvolvimento de novas habilidades e o auxílio no trabalho na aldeia. “Já temos aproveitado o que aprendemos no curso para ajudar em pequenas obras na comunidade e isso é um orgulho para nós”, falou.

O índio Semir Antônio, 35 anos, concluinte do curso de pedreiro, conta que já atua na construção civil. “O curso serviu para me aperfeiçoar”, afirmou. Já índia Marlene Gabriel Lourenço, 45 anos, aluna do curso de costura industrial, quer garantir mais uma renda para sua família. “Com o curso, posso desenvolver o trabalho em casa e ter renda própria”, falou. A índia Sandra Maria Clementino, 39 anos, e seu marido, Gideone Clementino, 37 anos, já estão prontos para entrar no mercado de trabalho. Ela formou-se na área de panificação, enquanto o marido fez o curso de pedreiro. “A gente viu nesses cursos uma grande saída para nós”, disse Sandra Clementino. “Graças ao Senai e ao Pronatec, a nossa vida mudou em pouco mais de três meses. Foi importante para que eu e as outras meninas da turma de panificação conseguíssemos vender produtos na aldeia e ter renda”, completou.

OPORTUNIDADE

O cacique da aldeia Córrego do Meio, Antônio Aparecido Jorge de Oliveira, avalia que a iniciativa beneficiou a todos, dando oportunidade de profissionalização. “Foi a realização de um sonho que ai da por cima não teve custo nenhum para a comunidade. Nos sentimos orgulhosos em participar e ser um dos primeiros nesse projeto inovador”, celebrou. O diretor técnico do Senai, Dax Peres, ao concluir essa etapa do projeto piloto voltado aos indígenas, a entidade cumpre sua missão de integrar e incluir a educação profissional em todos os cantos do país.

“A união de esforços entre Senai, Prefeitura e Governo Federal resultou na realização dessa iniciativa, que hoje forma profissionais capacitados a atuar no mercado de trabalho da região e a intenção é avançar ainda mais nesse programa”, declarou Dax Peres. Para o prefeito de Sidrolândia, Ari Basso, a formação profissional para o mercado de trabalho é uma necessidade do município e o Governo deve trabalhar para suprir essa carência. “Sempre estaremos somando esforços para iniciativas como essa, que visam a inserção das pessoas na sociedade, seja do ponto de vista profissional, como também para a melhoria da qualidade de vida”, destacou.

Representando o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o assessor da diretoria-geral do Pronatec, Marcelo Souza, reforçou a importância de dessa iniciativa inovadora em que Mato Grosso do Sul está sendo pioneiro. “É uma noite de celebração, pois é a valorização e inclusão do povo indígena, que são nossas raízes”, ressaltou. De acordo com a secretária estadual de Trabalho e Assistência Social, Tania Mara Garib, com base na experiência realizada em Sidrolândia, o Governo tem a intenção de levar os cursos do Pronatec Indígena a outras aldeias de Mato Grosso do Sul. “O grande desafio é descobrir a capacidade de cada comunidade e oferecer cursos que atendam ao perfil local”, concluiu.

PROJETO PILOTO

Trata-se da primeira turma de indígenas do Brasil a participar de cursos de capacitação profissional do Senai oferecido no Programa e que foram criados especificamente para atender as peculiaridades dos índios. Em Mato Grosso do Sul, as lideranças das aldeias reivindicaram turmas exclusivas para índios e Sidrolândia serviu como experiência piloto do Pronatec Indígena, que integra ainda o Pronatec Brasil Sem Miséria, uma parceria dos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e da Educação (MEC).

Com a 2ª maior população indígena do País, tendo mais 15 mil famílias distribuídas em 73 aldeias e alguns acampamentos, o Estado terá outras turmas destinadas exclusivamente a indígenas nos municípios de Amambai, Caarapó, Miranda e Aquidauana. De acordo com o gerente da FatecSenai Campo Grande, Artur Quintella, responsável pela Agência de Formação Profissional do Senai em Sidrolândia, a realização desses cursos proporcionou integração dos indígenas do município ao mercado de trabalho local.

“Foi uma oportunidade de proporcionar para esse novo público um curso com direcionamento específico. Notamos que os concluintes se beneficiaram não somente do aprendizado, mas também já estão desenvolvendo, no caso do curso de padeiros, atividades de produção dos produtos e gerando renda”, destacou Artur Quintella. Ele informa ainda que, do total de 21 concluintes, 8 alunos receberão o certificado do curso de pedreiro, 8 alunos do curso de panificação e confeitaria e 5 alunos do curso de costura industrial.

(*) Com informações de Assecom Senai

O cacique da aldeia Córrego do Meio, Antônio Aparecido Jorge de Oliveira, avalia que a iniciativa beneficiou a todos (Foto: Divulgação/Assecom)

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