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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Indígenas reclamam que não são atendidos pela Sesai

04/10/2013 08h27 – Atualizado em 04/10/2013 08h27

O Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena disse que a entidade não é ouvida pela coordenação da Secretaria Especial de Saúde Indígena

Da Redação

O Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando da Silva Souza, disse aos deputados estaduais, durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, nessa quinta-feira (3), que a entidade não é ouvida pela coordenação da Secretaria Especial de Saúde Indígena, e que as prioridades dos povos no Estado não são levadas em consideração.

Segundo Fernando da Silva Souza, hoje a entidade não tem apoio financeiro e muito menos logístico para realizar seus trabalhos. “Não conseguimos desenvolver nossas atividades da forma correta por falta de colaboração. Para visitar as aldeias vou no meu veículo e pago as despesas com recursos próprios. Antes, quando a saúde básica era de responsabilidade da Funasa, tínhamos uma sala com telefone, veículo e até motorista, bem diferente da realidade que vivemos hoje”, falou.

De acordo com o Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, as demandas constatadas pela entidade são apresentadas à Sesai, mas estas são ignoradas pela atual coordenação. “Levo ao Nelson Carmelo as solicitações dos povos indígenas, de forma respeitosa e documentada, mas ele ignora nossos pedidos, pois decidiu levar para o lado pessoal. Ele é o representante do Ministério da Saúde aqui no Estado e deveria agir de forma imparcial”, comentou.

Além disso, Fernando da Silva Souza esclareceu aos deputados que as prioridades dos povos indígenas não são levadas em consideração pela atual gestão da Sesai. “No papel tudo está muito certo, mas a realidade é bem diferente nas aldeias. Faltam remédios, equipamentos médicos, veículos, entre outros. Há uma descontinuidade no atendimento prestado nas aldeias. É preciso instrumentalizar os profissionais e investir mais na atenção básica. Como há pouco investimento, os casos de pacientes que necessitam de socorro de média e alta complexidade aumentam”, salientou.

SESAI

Os parlamentares ouviram também o Coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena Nelson Carmelo, o qual destacou que este ano a entidade receberá R$ 21 milhões. “Os recursos são insuficientes. O problema é que recebêssemos mais dinheiro, a falta de pessoal iria prejudicar o desempenho das funções. É preciso aumentar o número de servidores, principalmente na área administrativa, pois muitos processos ficam parados por falta de pessoal e isso acaba atrasando o andamento das ações”, disse.

Conforme Nelson Carmelo, a Sesai foi criada há pouco tempo e o sistema de atendimento à saúde ainda é muito burocrático. “O maior problema é que se criou um sistema diferenciado sem ser diferenciado. É impossível qualquer outra pessoa prestar atendimento especial se a legislação não nos concede condição dele ser especial. Todas as demandas de atendimento médico vão para Dourados, o que é bastante complicado. Tentamos criar, sem sucesso, uma unidade intermediária em Amambai”, ressaltou.

Em relação a possível falta de diálogo denunciada por Fernando de Souza Terena, de que a Sesai dão atende os anseios do Conselho, Nelson Carmelo garantiu que sempre dialogou com os povos indígenas em MS. “Parei de dialogar no dia 16 de setembro de 2013, quando lideranças indígenas foram à Sesai e entregaram um documento dizendo que eu havia renunciado. Tenho recebido diversas ligações todos os dias de diferentes indígenas que me telefonam para discutir políticas para o setor”, falou.

Para o deputado estadual, Amarildo Cruz (PT), a oitiva de hoje foi importante porque demonstrou que a Sesai ainda atende os indígenas de forma muito precária. “Foi possível constatar que os recursos destinados aos indígenas estão sendo investidos para a implantação da Sesai e não para atender de forma efetivo a população. Também ficou comprovado que está havendo má gestão dos recursos públicos”, finalizou.

(*)Com informações de Assessoria de Comunicação

Segundo Fernando da Silva Souza, hoje a entidade não tem apoio financeiro e muito menos logístico para realizar seus trabalhos (Foto: Divulgação/ Assecom)

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