14/03/2018 14h28
O projeto de lei torna obrigatório noções de primeiros socorros nos cursos de Pedagogia e Educação Física, e também no currículo escolar
Redação
Após perder o filho, vítima de engasgo durante um passeio escolar, a advogada Alessandra Begalli Zamora tem lutado para aprovar, em câmaras de vereadores, assembleias legislativas dos estados e na Câmara dos Deputados projetos de lei que tornem obrigatória a inclusão, nos cursos de pedagogia e educação física, e também no currículo dos estudantes, noções de primeiros socorros.
Ontem, 13, Alessandra apresentou sua proposta ao ministro da Educação, Mendonça Filho. A mãe e a tia do garoto Lucas, Andrea, idealizaram projetos de lei municipais que preveem o ensino de primeiros socorros nas escolas e tornam obrigatório o curso aos profissionais que atuam em escolas, creches, berçários, públicos e particulares, além de locais de recreação infantil, por meio de capacitações. Até o momento, elas já apresentaram a proposta a municípios de sete estados. Na esfera federal, o projeto n° 9468/2018, de autoria, entre outros, do deputado Ricardo Izar (PP-SP), que participou do encontro da mãe do menino com Mendonça Filho, está em tramitação.
Alessandra e Andrea criaram uma página no Facebook para alertar as pessoas sobre os perigos que situações como esta e, especialmente, o despreparo dos responsáveis, representam na vida de milhares de crianças todos os dias. Mas nem imaginavam a dimensão que o movimento #Vai Lucas – do Luto à Luta ganharia. Já são quase 140 mil seguidores que acompanham a batalha da família de Lucas pela conscientização das pessoas e por mudanças na legislação que pretendem evitar que outras famílias passem pela mesma tristeza.
“O que nós viemos trazer para o ministro foi a ideia de que os primeiros socorros viessem a se tornar matéria obrigatória nas faculdades de educação física, pedagogia, que formam professores. E também que viesse a ser matéria escolar, para crianças. No ensino fundamental, atrelado à matéria de ciências, e no ensino médio, atrelado à biologia. Eu sei que nada vai trazer o meu filho de volta, mas nós podemos conscientizar as pessoas sobre esse problema e evitar que outras famílias passem por essa dor”, contou a mãe.
O deputado Ricardo Izar (PP-SP) explica que “o projeto de lei trata da questão da obrigatoriedade de haver profissionais com treinamento específico de primeiros socorros em instituições de ensino e recreativas, frequentadas por crianças”.
O ocorrido
O menino Lucas Begalli Zamora de Souza tinha 10 anos quando, durante um passeio com os colegas da escola, engasgou-se ao comer um cachorro quente e morreu por asfixia, dois dias depois. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas era tarde para salvar o garoto. Socorristas avaliaram que ele poderia ter sido salvo se tivesse sido atendido por um profissional de primeiros socorros no momento do incidente.
(*) Correio do Estado