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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Meu nome não é Joni!

09/09/2008 10h28 – Atualizado em 09/09/2008 10h28

Samuel Carlos Melo*

Desde que se iniciaram as campanhas eleitorais em Castilho (SP) penso em fazer um artigo que retome os oito anos de mandato do prefeito Joni Marcos Buzachero. Porém, não sei se por culpa dos incansáveis carros de propaganda e suas paródias, no mínimo curiosas, fugia-me, assustada pelos decibéis dos alto-falantes, a força da idéia. Foi então que, no aniversário da cidade, assistindo (obrigado pelo tédio) ao show da dupla Rick & Renner, a combustão aconteceu; e graças (quem diria?!) a uma palavra dita pelo Rick (ou seria o Renner?). Após um descarrego de músicas, a dupla pára, e como é de praxe, agradece ao prefeito com mais ou menos estas palavras: “Um obrigado ao prefeito Dioni” (Joni pronunciado como Johnny, no inglês). Pronto! Era isso! Calma, já explico.

 

Ao ouvir tal “cordialidade”, por mais absurdo que pareça, percebi que, desses dois mandatos, desses oito anos de Joni no poder, o que mais se fixou em minha memória foram as várias confusões, ou melhor, a constante incerteza prosódica, por parte das atrações dos aniversários da cidade, do nome de nosso prefeito. Notei que, se não foram todos, boa parte dos artistas trazidos por ele sofreram com a indecisão entre (foneticamente falando) o som fricativo e o africado de [j] e que essa recorrência tinha um fundo simbólico significativo. Eu sei, é mesmo difícil entender. Para melhor compreensão, estenda esse raciocínio ao governo Buzachero.

 

A ambigüidade é a marca da administração de Joni. Foram quase oito anos divididos entre investimentos em grandes obras e descaso para com a cultura, saúde e educação; criação de empregos e denúncias de irregularidades na administração que, sinceramente, não sei se vingaram ou minguaram. Se focalizarmos ainda mais, podemos observar esse caráter ambíguo nas próprias obras públicas. Casos como os belos centros comunitários construídos para estimular o esporte e o lazer e que, em sua maioria, estão abandonados ao acaso, no máximo servindo para festinhas de aniversário; o Centro de Eventos Culturais que serve como espaço para muitos acontecimentos religiosos, mas que, “aparentemente”, sofre com problemas na estrutura. E cito mais, o investimento de quase R$ 1.000.000 para o que se chamou de “reforma” da praça (que, na verdade, é a construção de outra praça) em contraste com o que se investiu em educação e saúde.

 

Não quero, entenda leitor, por em dúvida o caráter de nosso “futuro ex-prefeito”, apenas desejo apontar, por meio de um insight banal, as impressões deixadas por essa administração. Tais ambigüidades não se limitam apenas à administração Joni Marcos Buzachero, são fatos normais da política: “ossos do ofício”, como se diz por aí. E sabe o que acabei de notar? Eu também não tenho certeza da pronúncia do nome “Joni”. Então, meu caro prefeito, antes que o mandato termine, acabe com essa “dúvida cruel” e nos responda: é “Joni” ou “Dioni”?

 

*Samuel Carlos Melo é aluno do 3º ano de Letras da UFMS

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