12/12/2017 06h03
Empresa faz aniversário nesta terça-feira (12), mas comemoração é toda Três Lagoas. Eldorado proporciona geração de renda ao município e Estado, além de oportunidades de trabalho, qualificação e responsabilidade social
Lucas Gustavo e Ricardo Ojeda
Era 15 de junho de 2010, quando, por volta das 10 horas, em solenidade que contou com a presença de várias autoridades foi lançada a pedra fundamental da 1º linha de produção da Eldorado Brasil. Naquela ocasião, se comemorava o aniversário de Três Lagoas, que ganhou um grande presente.
O País estava no início de uma crise política e econômica sem precedentes, e, por conta disso, comentavam que tal empreendimento não passava de uma ”aventura financeira”. Decorridos 30 meses, a fábrica foi inaugurada com grande pompa, que contou com a atração internacional do tenor Andrea Bocelli. Com a entrada de operação do complexo, Três Lagoas ganhou robustez, passando a ostentar o título de ”Capital Mundial da Celulose”.
VISITA
O site Perfil News acompanhou a história da Eldorado Brasil desde as primeiras tratativas, audiência pública para aprovação do Relatório de Impacto Ambiental até o dia de hoje: data muito especial, em quese comemora cinco anos da fábrica. Para isso, os jornalistas Ricardo Ojeda e Lucas Gustavo visitaram a fábrica no final do mês passado. Eles foram recebidos pelo diretor Técnico e Industrial, Carlos Monteiro.
Considerado um ano de turbulências em todo o Brasil no cenário político e, principalmente, econômico, 2017 com certeza não vai deixar saudades para muitos. Apesar do período avaliado como ruim para o País, a Eldorado Brasil o comemora com expansão e rentabilidade segura. A empresa, até o mês de setembro, registrou lucro de R$ 713 milhões com a venda de 1,278 milhão de toneladas de celulose. Se comparado com 2016, o rendimento foi maior 20 vezes mais.
SEGREDO DO SUCESSO
Em entrevista ao Perfil News, Carlos Monteiro contou o ‘segredo’ para a obtenção do sucesso. Ele atribui a conquista a todos os colaboradores da unidade.
‘’Na verdade, nossa função é não permitir que o período de alvoroço afete a Eldorado, principalmente a unidade produtora. Então o pessoal, de uma certa maneira, ficou resguardado e focado em nossos programas de produtividade para cumprir, cada vez mais, esse desafio. Não perdemos de modo algum o foco de produção e chegamos a 1,7 milhão de toneladas de celulose’’, esclareceu o diretor.
FOCO NO DETALHE
Implantado na gestão de Monteiro, há aproximadamente 1 ano e meio, o programa ‘’Foco no Detalhe’’ tem seus primórdios fixados na física quântica e neurociência, segundo ele. A ação fez com que a empresa atingisse o ranking mundial de menor custo de produtividade.
‘’Hoje, nós temos implantado aqui [Eldorado] o que há de mais moderno em tecnologia no mundo, mas o objetivo nosso sempre foi pessoas, pois acreditamos que o diferencial está nelas. Equipamento compra-se, agora pessoas motivadas não há como. É necessário um exemplo para elas seguirem, pois também não adianta apenas ficarmos no discurso’’, observou o diretor.
De acordo com o Monteiro, o ‘Foco no Detalhe’ é específico para o setor da indústria, mas já se estendeu pelo florestal. Faixas com o nome do programa estão espalhadas por toda a fábrica. ‘’A tecnologia não substitui o operador; ela apenas o auxilia e temos esse cuidado. Reforçamos a cada um que, quando estivermos fazendo algo que exige responsabilidade e implica no resultado, é necessário estar extremamente focado e dedicado. Isso trouxe um aumento extraordinário na produtividade e alavancou o lucro’’, afirmou o diretor, acrescentando que a empresa também tem o menor consumo de químicos do mundo.
CUSTO BENEFÍCIO
O custo benefício proporcionado pelo programa não se estende a produtividade, mas também à lucratividade da empresa. De acordo com Monteiro, o custo caixa do trimestre foi R$ 503 por tonelada, uma diminuição de 14% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Essa redução é o reflexo da diminuição do raio médio de distância entre as florestas e a fábrica, do aumento da utilização de madeira de plantio da Eldorado – atualmente a empresa possui 240 mil hectares plantados com eucalipto – e da eficiência e melhoria dos processos industriais e logísticos.
Outro reforço substancial para o caixa da companhia é a de venda de energia, ao sistema elétrico nacional, gerando uma receita liquida de R$ 28 milhões no terceiro trimestre deste ano, aumentando 28% em relação ao mesmo período do ano passado.
O programa Foco no Detalhe, instituído por Carlos Monteiro está presente em cada setor da fábrica, como pode ser visto na galerria abaixo
QUALIFICAÇÃO E OPORTUNIDADE
Desde que inaugurada em Três Lagoas, a Eldorado Brasil firmou parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e com o programa Agente Jovem. Muitos moradores inseridos nessas ações, conquistaram uma vaga na empresa e, hoje, já constroem carreira por meio da oportunidade oferecida.
‘’Nós sempre tivemos uma política de olhar primeiro para o nosso pessoal e muitos foram evoluindo dentro da empresa. O gerente geral da fábrica era o gerente de manutenção, promovemos o cara que era coordenador da manutenção para gerente. Sempre preservamos essa mesma cultura e ideal: criar uma massa crítica de pessoas que pensam no mesmo objetivo’’, avaliou Monteiro.
Morador de Três Lagoas há mais de duas décadas, Rafael Siqueira que hoje é operador de sistema digital de controle distribuído (SDCT), diz comemorar o trabalho todos os dias. Ele atua na Eldorado há quase cinco anos e ingressou na empresa por meio do Jovem Aprendiz.
‘’Ah, é a realização de um sonho, né? Fico emocionado ao ver minha evolução e onde cheguei aqui na empresa. Sou extremamente grato pela oportunidade ímpar que recebi. Desde quando entrei, já conquistei muitas coisas graças ao meu trabalho e fonte de renda, e olha que sou apenas um dos exemplos; só tenho a agradecer’’, discursou Rafael à reportagem.
PREOCUPAÇÃO E DIFERENCIAL
Conforme Monteiro, uma das preocupações e prioridades da Eldorado é prezar pelo diferencial, principalmente com seus colaboradores. Frequentemente, ele se reúne com funcionários dos mais diversos setores para explanar a importância de cada um para a empresa.
‘’Cada área aqui podemos dizer que é interliga com as demais. Temos a mesma preocupação com a pessoa que varre rua e a cozinheira, por exemplo. E mostramos que eles são importantes e devem ser valorizados. Se o cliente vem aqui e vê a fábrica limpa e organizada, automaticamente já associado com a qualidade do produto. Então cada colaborador faz o diferencial’’, avaliou o diretor.
SEGUNDA LINHA
No final do mês outubro, a Paper Exellence comprou, por R$ 1 bilhão, 13% das ações da Eldorado Brasil. A empresa tem o prazo de 12 meses para transferir o restante do valor da negociação e ser detentora de 100% da produtora de celulose. Nesse período, a fábrica ainda pertence a controladora J&F.
‘’A família Batista continua mandando normalmente na empresa, pois a Paper Excellence ainda é minoritária. Ela tem um ano, a partir do final de setembro, para exercer o resto e pagar tudo de uma vez’’, observou Monteiro.
E relação à construção da segunda linha produtora de celulose, com um projeto orçado em R$ 8 bilhões, e denominado Vanguarda 2.0, o diretor acredita que a Paper Exellence dará continuidade.
‘’A chance é muito grande, pois através de estudos de viabilidade econômica é a única fábrica que estaria prevista para entrar em operação nos próximos anos; não há outra, e o mercado pede. Se a decisão fosse minha, eu faria, mas não posso afirmar se essa é a pretensão dos novos donos’’, mencionou Monteiro.
BENEFÍCIOS
< p>Ao Perfil News, Monteiro também destacou, brevemente, a respeito da evolução socioeconômica de Três Lagoas desde a implantação da fábrica no município. Como exemplo, ele citou os pequenos agricultores do Pontal do Faia, assentamento rural da região, que fornecem hortaliças para abastecer o refeitório da Eldorado.‘’Além da geração de emprego, existe a geração de impostos tanto para o Estado como para o município. O produto que o pessoal da limpeza aqui utiliza é comprado no mercado em Três Lagoas. A empresa trouxe mais clientes para os hotéis, restaurantes e comércio em geral. Aumentou a compra de terrenos, condomínios novos surgiram, voos diários e muitos mais. Sem falar que o salário dos colaboradores é gasto aqui; isso gera receita do município’’, considerou.
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