13/08/2018 14h50
Também médico e filho do ex-prefeito Issam Fares, o candidato a Deputado Estadual tenta a política pela primeira vez: “Se você não fizer a sua parte de maneira direta não vai conseguir mudar a sociedade do jeito que você acha que ela precisa mudar”
Ricardo Ojeda e Gisele Berto
Para ajudar você a escolher bem nas próximas eleições o Perfil News traz, a partir de hoje, 13, uma série de entrevistas com os candidatos à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados pelo Mato Grosso do Sul.
O primeiro é o candidato a deputado estadual pelo PDT Issam Fares Jr, filho do ex-prefeito de Três Lagoas Issam Fares. O vídeo com a entrevista está no final da matéria.
O médico Issam Fares Jr, 45 anos, tem a política no sangue, apesar de nunca ter se candidatado a nenhum cargo público.
Filho do ex-prefeito Issam Fares (1997-2004), o dono da clínica IF Saúde herdou do pai a dedicação à medicina e, agora, decidiu seguir a outra paixão do pai: a carreira política.
“Meu pai era um herói para a gente. Tenho nele um espelho”, afirma.
O pai faleceu em 2014 e o filho, agora, pretende assumir seu legado político. “O que me deu motivação para me envolver com a política foi ter chegado à conclusão que se você não fizer a sua parte de maneira direta não vai conseguir mudar a sociedade do jeito que você acha que ela precisa mudar”, afirma o médico, que é candidato do PDT ao cargo de Deputado Estadual.
Fares Jr se filiou ao PDT no ano passado e é o presidente do diretório local do partido. As afinidades com o partido fundado por Brizola vieram, especialmente, pela identificação com as propostas apresentadas pelo candidato do partido ao governo, o juiz aposentado Odilon de Oliveira.
“Ele não aceita nada que não seja de acordo com os princípios dele. Por isso não aceitou fazer coligações com partidos envolvidos em escândalos e isso acabou gerando problemas para formarmos a chapa. Mas isso tudo é condizente com os princípios dele e eu acho que está correto em ser assim. É o caminho mais difícil, mas é o mais correto”, afirmou.
A decisão de enveredar pelos caminhos da política surgiu em 2017. A família ofereceu apoio e ele fez uma pesquisa na região para ver se teria alguma chance. Os números foram satisfatórios e o filho do ex-prefeito resolveu fincar a bandeira no território ocupado anteriormente pelo pai.
Issam Fares pai foi conhecido por ter iniciado a industrialização de Três Lagoas, o que transformou a vida da cidade. Foi em seu mandato que a primeira empresa de linha de produção foi instalada na cidade – a Mabel. O filho, agora, pretende “amarrar as pontas” da cidade já industrializada.
TRÊS LAGOAS: LÍDER REGIONAL
Sob o slogan “Desenvolvendo e Humanizando”, o médico pretende trabalhar para que Três Lagoas faça jus ao título de polo regional. “Faltam representantes de fato. Nossos representantes não brigam por Três Lagoas. Falta o complemento à cidade. Se o pessoal de Paranaíba, Cassilândia ou Aparecida do Taboado precisa de um hospital ou algum serviço, por exemplo, era para vir para cá. Mas não, eles vão para Rio Preto. Porque lá tem coisas que aqui ainda não tem. Nós temos quase tudo, mas falta apoio político para finalizar essas coisas que ainda não temos. Na parte de diversão e lazer, também. Agora vai ter o shopping. Algumas coisas você tem que ir arredondando e acertando para a cidade passar a ser percebida e usada, de fato, como polo e líder regional”.
“Não basta apenas ser a cidade mais industrializada da região. Somos responsáveis por metade do PIB do estado, somos a cidade que mais exporta (a cidade representa 50% das vendas ao exterior do MS), mas isso não retorna suficientemente à cidade. Não basta ter as indústrias e os empregos. Isso é a base. Precisamos do complemento para fixar as boas pessoas aqui. É necessário ter estrutura para ser essa nova cidade. Precisamos ser referência em saúde, educação, cultura, saneamento básico, esporte, lazer. É toda uma engrenagem para que as partes completem o todo”, afirma o candidato.
IMPOSTOS E EMPREGOS
Sua principal plataforma de campanha é a redução de impostos para o comércio varejista de forma geral. Segundo ele, essa é a forma mais rápida de gerar empregos e movimentar a economia local. “Precisamos dar um fim ao desemprego. As pessoas estão desesperadas pela falta de emprego. E não adianta esperar as empresas que estão vindo. Elas demoram um tempo para se instalar. Tem que ser algo para já. Essa vai ser a primeira briga assim que eu for eleito: baixar a alíquota de ICMS da região. Não precisa mexer em todo o setor, o que seria ideal, mas mais complicado. Se mexesse em setores específicos, como supermercadista, combustíveis, pneus, óleo de motor, as pessoas deixariam de ir para SP – que tem a alíquota de ICMS mais baixa – e passariam a consumir aqui. Se baixarmos os impostos aqui as compras da cidade serão feitas aqui e isso vai aquecer imediatamente o comércio, gerando bons empregos de maneira mais rápida”.
O candidato lembra o caso de Selvíria, que está a oito quilômetros de São Paulo. “A cidade deu incentivos fiscais para empresas que estão chegando lá, o frigorífico de peixes, a empresa de ração, a usina de biomassa. Aí as pessoas se empregam nessas empresas e vão morar em Ilha Solteira, consumir lá, usar escola particular, deixar seu dinheiro lá, porque o imposto é mais baixo. Se não mexer na alíquota você não consegue ajudar a cidade de verdade”.
De acordo com o médico, a geração de empregos também adoece as pessoas. Para Issam Fares Jr, o desemprego é a causa de muitas doenças, especialmente as de cunho psicológico, e que acabam por fazer as pessoas desmoronarem. Além disso, quem está desempregado acaba se alimentando mal, causando outras enfermidades. “É um ciclo. Tirar as pessoas do desemprego é emergencial, é para já”, disse.
O candidato diz que a questão da redução da alíquota já foi repassada ao candidato ao governo pelo seu partido, dr. Odilon, e que ele está sensível a essa questão.
ECONOMIA
Hoje Três Lagoas representa 50% de toda a exportação do Estado do MS. A cidade é, de longe, a que tem a maior participação nas vendas externas do Estado. No entanto, a falta de investimentos e de “carinho” do governo do estado com a cidade não passa em branco para o candidato.
“Existe um acordo para distribuir a riqueza da cidade por outras regiões do estado que não tenham esse potencial, alegando que elas sofrem igualmente com os problemas causados pela industrialização. Mas isso não é uma verdade. Todo mundo do estado e de fora vem para cá. É aqui que teve um impacto muito grande na saúde, na falta de vagas nas escolas públicas, no saneamento básico, creche. O que eu vou fazer é fiscalizar e lutar para que o nosso dinheiro retorne para nós, que seja investido aqui. Isso tem que voltar para cá”, afirma.
Além disso, as verbas rescisórias de processos por impactos ambientais também retornam para a cidade apenas com muita briga e dificuldade. “É muito difícil conseguir a aplicação desse dinheiro aqui. Mas precisamos brigar por isso, ficar em cima. Nós é que estamos correndo atrás das indústrias para elas se instalarem aqui e, quando elas vêm, nós não vemos o retorno e abrimos mão desse valor? É muito dinheiro, isso não pode acontecer”.
CULTURA & LAZER
A industrialização mudou a cidade, isso é fato. Mas Issam afirma que o processo de transformação da cidade também atraiu de volta os três-lagoenses que haviam saído da cidade para estudar ou trabalhar fora, mas que sonhavam em voltar.
A cidade também atrai pessoas de fora – de cidades do MS e também de outros estados. E isso gera uma diversidade cultural benéfica para a cidade.
“Nossa cidade está se tornando uma cidade de vanguarda. Temos gente do país inteiro morando na cidade”, afirma.
O candidato salienta, também, a necessidade em investir em turismo. “Com os rios que temos e todo o potencial da nossa região, vemos as pessoas passando reto para visitar cidades a 900km daqui. Precisamos estudar o potencial turístico da nossa Costa Leste e fazer dinheiro com isso. O turismo é uma fonte de renda e desenvolvimento essencial e que estamos deixando passar”.
PORTAS ABERTAS
Para o candidato, o segredo de um bom mandato é o representante da sociedade ouvir o que as pessoas têm a dizer. “O bom político precisa estar em contato com a sociedade. Disponível para as pessoas. Fora os momentos em que você está em reuniões e sessões na Assembleia você precisa ouvir as pessoas”, afirma. “Se você não tiver esse contato você não consegue ajudar as pessoas. É um compromisso meu estar disponível. Eu vou ter uma base em Três Lagoas para atender toda a região. Eu preciso ter um canal aberto para as pessoas. É compromisso meu e eu gosto de fazer isso”.
