28/01/2003 18h13 – Atualizado em 28/01/2003 18h13
A suspensão temporária das obras de reforma da pista de rolamento e de acostamento, na BR 262, que liga Três Lagoas a Campo Grande, está provocando a demissão de operários.
A determinação de rever contratos de obras de reforma de rodovias, adotada pelo Governo Federal, no início do mês, também atingiu a empreiteira Consórcio RST, encarregada das obras, no trecho compreendido entre Três Lagoas e Água Clara, mais ou menos 130 km.
Mais de 70% do total das obras já foi concluído, mas a empresa, deixou de receber parte do serviço já executado, ainda não medido para recebimento do dinheiro. Segundo informações de um operário da empresa, à medida que o serviço era executado, havia a medição do respectivo trecho, para o recebimento do dinheiro.
Com o cancelamento temporário do contrato de obras, feito de maneira repentina e imprevisível, a direção do Consórcio RST foi obrigada a demitir mais de 100 trabalhadores.
PEGOS DE SURPRESA
Maior parte da mão-de-obra contratada pela empresa é de Três Lagoas. Essa decisão veio gerar uma série de problemas em cadeia, segundo observou o gerente de um posto de combustível. Somente nesse determinado posto, o consumo mensal de combustíveis era em torno de R$ 25 mil. Este dinheiro deixou de circular no município, de maneira imprevisível. Além disso, os próprios trabalhadores foram pegos de surpresa com a determinação do Governo Federal.
“É inadmissível que um governo, eleito para dar ânimo e força ao trabalhador tenha adotado medidas que estão gerando desemprego”, dizia um operário.
As máquinas que operavam no canteiro de obras da empresa já estão sendo retiradas e levadas ao recinto da usina de asfalta, montada nas proximidades da Vila Piloto.
O engenheiro de obras do Consórcio RST, Akiyuki Otomo, não quis dar entrevista à reportagem do Diário MS, na manhã de ontem. Por telefone, ele disse que a suspensão seria de caráter temporário, mas não quis receber a equipe de reportagem, alegando que não competia a ele dar entrevista.
A BR 262, também chamada de “Rodovia da Morte” é importante via de acesso à capital e de interligação com o estado de São Paulo. A ampla reforma da estrada era reivindicação antiga dos municípios do Bolsão junto ao Ministério dos Transportes. Devido ao estado precário de conservação e, na maioria dos trechos sem acostamento, a BR 262 é considerada uma das estradas mais perigosa, onde ocorre o maior número de acidentes, na sua maioria com vítimas fatais.