27/01/2003 13h31 – Atualizado em 27/01/2003 13h31
O cirurgião plástico Farah Jorge Farah, 53, é acusado de esquartejar a dona-de-casa Maria do Carmo Alves, 46, na zona norte de São Paulo. Segundo a polícia, eles haviam namorado 20 anos atrás.
Após o assassinato, Farah foi internado em uma clínica psiquiátrica na Granja Julieta, zona sul. A polícia aguarda a saída do médico para levá-lo à delegacia. Uma advogada que diz representar a família do acusado que não quis dar declarações.
Os pedaços do corpo da vítima foram encontrados na noite de ontem, embrulhados em sacos plásticos, dentro do porta-malas do carro do médico, um Daewoo Espero, em sua casa, em Santana.
A polícia chegou ao local após denúncia da sobrinha de Farah, Tânia Maria Homsi, para quem o médico confessou o crime. Chorando, na delegacia, Tânia se recusou a falar com a imprensa.
Na última sexta-feira, Maria do Carmo avisou o marido, o porteiro João Augusto de Lima, que iria ao médico. A dona-de-casa não retornou e o marido registrou um boletim de ocorrência de desaparecimento.
Segundo Lima, sua mulher e o médico eram amigos e frequentavam a igreja Batista juntos. Maria do Carmo havia realizado três cirurgias plásticas com ele.
No entanto, segundo a polícia, Farah teria registrado boletins nos quais cita ameaças que teria sofrido de Maria do Carmo. Ela, por sua vez, informou ao Disque-Denúncia que ele molestaria pacientes na clínica.
Briga
Peritos disseram que o cirurgião e a dona-de-casa brigaram no dia do crime, na clínica, localizada na avenida Alfredo Pujol, em Santana.
Conforme a polícia, o médico esquartejou a vítima com um bisturi. Após o crime, algumas partes do corpo foram lavadas, assim como a roupa usada por Maria do Carmo.
As mãos e as vísceras da vítima não foram encontradas. O objetivo seria dificultar a identificação. A pele do rosto e dos seios foram arrancadas. Segundo a polícia, as peles poderiam ser usadas em outras cirurgias.
“Ele fez de tudo para ocultar o corpo. Os sacos plásticos poderiam ser jogados em qualquer lugar”, disse o delegado Ítalo Miranda Júnior, titular do 13º DP (Casa Verde), que também é médico. “Acredito que seja uma insanidade. Foi uma coisa muito cruel. Nunca vi ninguém esquartejar e descascar uma pessoa.”
Na clínica a polícia apreendeu peças íntimas de mulheres, luvas cirúrgicas e o pré-anestésico Dormonid. No carro do cirurgião foram encontrados o diploma médico de Farah, um artigo intitulado “Canibalismo X Corporativismo”, além de um pedido de bolsa de estudos de direito na faculdade Unip.
No documento para requisito da bolsa havia uma pergunta sobre caso de doença na família, que precisasse de acompanhamento médico. Farah respondeu :”Sim, o meu”.
A polícia vai investigar se os documentos foram forjados e colocados no carro propositadamente, após o crime. Familiares do acusado ainda serão ouvidos.
Fonte: Folha Online