01/11/2002 14h07 – Atualizado em 01/11/2002 14h07
SAN GIULIANO DI PUGLIA, Itália (CNN)- Um novo terremoto estremeceu a região centro-sul da Itália na tarde desta sexta-feira, fazendo com que os moradores da pequena San Giuliano di Puglia corressem em pânico para as ruas e interrompessem as orações pelos 29 mortos no forte abalo registrado na véspera.
O último tremor, cuja intensidade ainda não é conhecida, pareceu mais longo do que o de quinta-feira, segundo testemunhas.
Nos Estados Unidos, geólogos confirmaram um novo e “forte” terremoto na região. Não há informações imediatas sobre vítimas ou danos materiais.
O abalo foi sentido também na cidade de Nápoles e na capital, Roma.
Quando a terra voltou a tremer em San Giuliano di Puglia, famílias estavam reunidas em um necrotério improvisado, iniciando a dolorosa tarefa de identificar os corpos das 26 crianças mortas quando a escola que freqüentavam desabou, no dia anterior.
Além dos pequenos alunos do jardim de infância, as autoridades municipais confirmaram a morte de uma professora, cujo corpo ainda não foi resgatado. As crianças, com idades entre três e 10 anos, participavam de uma festa do Dia das Bruxas quando o terremoto aconteceu.
Duas outras mulheres morreram em outras áreas da cidade na quinta-feira.
No final da manhã desta sexta-feira, após passarem toda a madrugada sem encontrar um único sobrevivente, equipes de resgate conseguiram retirar com vida um menino de oito anos dos escombros da escola.
Ainda assim, as autoridades consideravam poucas as chances de achar mais crianças vivas. De fato, as três últimas mortes acabaram sendo confirmadas horas depois. Outros dois corpos haviam sido resgatados no começo do dia.
Ao todo, as equipes de socorro salvaram 34 crianças que estavam na escola.
“Seria difícil para uma criança sobreviver nestas condições por tanto tempo”, comentou Ernesto Angelotti, da Defesa Civil, enquanto bombeiros e policiais escavavam o local com as próprias mãos em meio a um frio de 6ºC.
Um dia após a tragédia, as autoridades levaram equipamento pesado para remover blocos de concreto das áreas onde, segundo se acreditava, não existiam mais chances de haver pessoas com vida.
A revolta e o desespero no vilarejo agrícola ficaram evidentes na quinta-feira, quando o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi recebido pela população de San Giuliano de Puglia com vaias.
Os moradores se questionam por que somente a escola desabou, enquanto outros prédios escaparam do terremoto com pequenas rachaduras ou abalos estruturais de menor importância.
Durante a madrugada, pais de alunos ainda soterrados fizeram uma vigília, aguardando notícias sobre os esforços das equipes de resgate. Mas os sinais de vida sob os escombros já não são perceptíveis.
“Não há ruído algum”, explicou Angelotti. “Os detectores de calor não pegaram nada. As escavadeiras vão entrar em ação. Temos poucas esperanças”.
Uma jovem mãe não conseguiu conter a emoção diante das últimas notícias.
“Vou morrer com ele”, gritava. “Vou morre com ele!”
Um homem, com cerca de 30 anos, desmaiou enquanto observava o trabalho dos bombeiros. “Minha Nossa Senhora”, disse. “Coitadinho do meu filho”.
Antonio Ieniri, um morador de 69 anos, descreveu o cenário como uma situação de guerra. “Parece que a cidade foi bombardeada”, comentou.
De acordo com o Centro de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, o terremoto atingiu 5,9 graus na escala Richter, com epicentro localizado a 112 quilômetros a nordeste de Nápoles.
Fonte: CNN