25/09/2002 08h29 – Atualizado em 25/09/2002 08h29
Forças de Segurança Nacional da Índia mataram os três terroristas que mantinham há sete horas cerca de 100 pessoas como refém, em um templo hindu.
Os terroristas abriram fogo no templo, matando pelo menos 29 pessoas, num incidente que pode reiniciar o ciclo de violência religiosa e tensão entre a Índia e o Paquistão.
A polícia disse que mais de 70 pessoas ficaram feridas no ataque contra o templo de Akhsardham, em Gandhinagar, capital do Estado de Gujarat (oeste do país).
O vice-primeiro-ministro Lal Krishna Advani atribuiu o ataque a “inimigos do país” e disse que há quatro crianças e seis mulheres entre as vítimas.
Gujarat ainda se recupera dos confrontos de fevereiro e março entre hindus e muçulmanos, que deixaram pelo menos mil mortos (a maioria seguidores do islamismo) no pior confronto entre as duas comunidades em uma década.
A polícia disse que o ataque já provoca tensão em Ahmedabad, principal cidade do Estado. “document.write Chr(39)As pessoas temem que algo vá acontecer durante a noite”, disse o agente K.K. Mysorewala. Para evitar tumultos, o governo reforçou o policiamento em todo o país.
O grupo radical hindu Vishwa Hindu Parishad, ligado ao partido governista Bharatiya Janata estuda convocar uma greve geral estadual ou nacional em protesto.
Centenas de parentes das vítimas se concentraram em frente aos portões do templo, enquanto equipes de emergência retiravam mortos e feridos.
“Ouvi um grande barulho e depois disparos. Não sabia o que estava acontecendo. Então os guardiões do templo disseram que fôssemos para uma sala”, disse Gurumukh Palwani, 40, que conseguiu deixar o local ileso com seus dois filhos.
Segundo ele, havia cerca de 600 pessoas no local na hora do ataque, por volta de 16h30 (8h em Brasília).
O policial R.B. Rawal disse que eram três atiradores, com armas automáticas.
O vice-premiê deu a entender que suspeita do Paquistão, pois afirmou que o atentado tem relação com a Caxemira, região de maioria muçulmana reivindicada por Islamabad.
O ataque coincide com a segunda rodada das eleições estaduais na Caxemira, que até agora transcorreram em relativa tranquilidade. Venakiah Naidu, presidente do partido Bharatiya Janata, disse que o atentado “pode até mesmo ser uma retaliação terrorista por frustração com o fracasso deles na Caxemira”.
O ministro paquistanês da Informação, Nisar Memon, condenou o atentado, “não importa quem o tenha cometido”, e atribuiu o incidente ao fracasso dos nacionalistas hindus na criação de uma sociedade tolerante em Gujarat.
O templo de Akshardham é visitado por cerca de 2 milhões de pessoas por ano, segundo a seita hindu Swaminarayan, que o dirige. Dentro do imponente edifício rosa de mais de 30 metros há uma imagem dourada do monge Swaminarayan, fundador da seita, que viveu no século 18. Seus seguidores acreditam que o monge é uma reencarnação do senhor Vishnu, deus hindu da preservação.
Fonte: Folha de S.Paulo