06/12/2002 14h42 – Atualizado em 06/12/2002 14h42
BRASÍLIA (CNN) – Os presidentes do Mercosul iniciaram nesta sexta-feira, em Brasília, a XXIII Reunião de Cúpula do bloco com um apelo por ajuda financeira para a Argentina e renovados votos de solidariedade com o país assolado pela pior crise de sua história.
Ao término do encontro, o último presidido por Fernando Henrique Cardoso, os chefes de Governo emitirão uma nota de apoio à Argentina, comprometendo-se a interceder ante os organismos financeiros internacionais, em particular o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – além de Bolívia e Chile, membros associados do Mercosul, também têm previsto assinar um acordo com a Comunidade Andina de Nações (CAN) como passo prévio para um acordo de livre comércio que deve ser concluído em 30 de novembro de 2003.
A reunião de cúpula servirá ainda para criar a secretaria técnica do Mercosul, com sede em Montevidéu e que substituirá a atual estrutura administrativa.
A Venezuela também poderá receber uma menção especial no documento, para que a ordem democrática seja preservada e se estabeleça o diálogo entre governo e oposição.
No discurso de abertura do encontro, Fernando Henrique defendeu a criação da moeda única do Mercosul e investimentos de cada um dos países para financiamentos do próprio bloco.
FHC disse que a velocidade do capital externo é muito grande, lembrando que o Brasil recebeu investimentos do FMI e do Banco Mundial da ordem de US$ 36 bilhões e, mesmo assim, a especulação financeira continua forte.
Na opinião do presidente, a Argentina não recebeu esse volume de recursos e não houve tanta agitação no mercado.
Fernando Henrique também definiu o sonho dos intelectuais dos anos de 1950, de unificar os países do Mercosul, como uma realidade atual.
“Era um sonho de intelectuais da Cepal e do Celso Furtado”, disse. “Era um sonho remoto. Hoje o sonho do livre trânsito entre os povos da América do Sul está concretizado e mostra como já avançamos”.
Fernando Henrique destacou que ainda há desafios no Mercosul, entre os quais, o crescimento econômico, investimentos e a união com o bloco Andino.
Sobre as relações do Brasil com os vizinhos após sua saída do governo, Fernando Henrique disse que, por várias vezes, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que tratará o Mercosul com o coração.
FHC observou, entretanto, ser preciso também tratar a questão com a razão, reafirmando que o Brasil não mudará sua posição nas relações econômica, política e social com o Mercosul.
O presidente do Chile, Ricardo Lagos, em discurso aos Chefes de Governo e de Estado, afirmou que, “desde 1995, com a posse do presidente brasileiro, o Mercosul teve um grande avanço”.
Lagos lembrou que nos anos de 1960, ele próprio e Fernando Henrique, como acadêmicos, defendiam teorias para integração dos países da América do Sul sem jamais pensar que no futuro estariam juntos, conversando sobre essa integração.
O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, lembrou que esta é a última reunião do Mercosul que tanto ele como o presidente Fernando Henrique participam como presidentes. Os argentinos irão às urnas no primeiro semestre de 2003 para escolher seu sucessor.
O presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada, reconheceu os avanços no comércio do Mercosul, mas defendeu uma maior integração nas áreas de saúde entre os países do bloco.
Fonte: CNN