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sexta-feira, 29 de março de 2024

Planalto do Pantanal sofre mais devastação que planícies

21/11/2012 08h30 – Atualizado em 21/11/2012 08h30

Áreas de planalto do Pantanal sofrem mais devastação que planícies, aponta estudo

Carolina Gonçalves, Agência Brasil

Mais de 86% das áreas naturais de planícies do Pantanal estão conservadas. Apesar do alto índice de preservação, as ameaças ambientais que rondam a porção brasileira da Bacia do Alto Paraguai não cessaram. O alerta é de um grupo de organizações não governamentais que atuam na região. De acordo com o grupo, a preocupação é com os níveis de conservação na parte alta da região.
Nas áreas de planalto, onde está a maior parte das nascentes que abastecem o Pantanal, apenas 40,7% da vegetação natural foram mantidos.

A segunda edição do estudo Monitoramento das Alterações da Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Bacia do Alto Paraguai (BAP), divulgado ontem (20), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, destaca que a expansão das atividades agropecuárias e de obras de infraestrutura na região precisam ser monitoradas.

“Enquanto a parte baixa ainda está bastante preservada, a parte alta do
Pantanal apresenta uma devastação grande. Esta relação é importante porque tudo o que acontece na parte alta vai ter impacto na planície”, disse Michael Becker, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

O levantamento aponta que, em dois anos (entre 2008 e 2010), 0,80% da vegetação nativa nas áreas de planície foi ocupada por atividades humanas. No planalto, a ocupação ocorreu em 1,56% da área. Na primeira avaliação sobre a região, os pesquisadores apontaram que, entre 2002 e 2008, o planalto perdeu 4% da vegetação natural e as áreas nativas de planície foram reduzidas em 2,4%.

“Os dados não apresentam variações grandes, mas estamos falando de uma área de planalto que foi convertida em pastagem de 140 mil hectares, ou seja, 140 mil campos de futebol. Não é a intenção deste estudo atacar o setor produtivo, mas temos que ter uma atenção especial”, disse.

Becker ainda destacou que obras como barragens na região, que é caracterizada pelas inundações constantes, podem significar assoreamento de rios e redução no volume de pescados. Para o pesquisador, os dados devem ser considerados na definição e aplicação de políticas locais. O estudo destaca, por exemplo, que a legislação ambiental deve ser cumprida e adaptada ao Pantanal.

“O Pantanal tem características específicas de pastagens naturais e obedece um ritmo de inundações que é uma das características peculiares da região. Temos que ter outras regras diferentes das aplicadas aos outros rios do país”, defendeu Becker.

O monitoramento da Bacia do Alto Paraguai tem sido feito a cada dois anos pelas organizações não governamentais. As análises são feitas apenas na parte brasileira da bacia, que representa 60% da área transfronteiriça. Com área de quase 620 mil quilômetros quadrados, a bacia ainda ocupa parte da Bolívia e do Paraguai.

O documento foi elaborado por representantes das organizações Conservação Internacional, Ecoa-Ecologia e Ação, Fundação Avina e WWF-Brasil e pela Embrapa Pantanal.

Serra do Amolar, região de fronteira entre os pantanais de MS e MT (Foto: André Siqueira/ecoa)

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