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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Relatório descarta falha de radares

15/11/2006 15h54 – Atualizado em 15/11/2006 15h54

Estadão

Embora não vá apontar responsáveis, o relatório preliminar do acidente entre o jato Legacy e o Boeing 737-800 da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro, deixará claro que uma conjunção de fatores contribuiu decisivamente para a maior tragédia da aviação civil brasileira. O documento será apresentado amanhã à tarde, em Brasília, pelo coronel Rufino Ferreira, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipe) e coordenador da comissão de investigação.Os investigadores brasileiros analisaram três fatores: operacional, material e humano. No primeiro quesito, a Aeronáutica deve destacar o descumprimento do plano de vôo por parte dos pilotos do jato, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Preenchido por um funcionário da Embraer, fabricante do Legacy, o documento previa três altitudes entre São José dos Campos e Manaus. No primeiro trecho, até Brasília, o jato deveria voar a 37 mil pés. Sobre a capital federal, deveria baixar para 36 mil e, em Teres, um ponto virtual da carta aeronáutica, subir para 38 mil pés.A comissão de investigação, no entanto, já sabe que o Legacy voou o tempo todo a 37 mil pés. E que, por cerca de 30 minutos, ficou sem contato via rádio com o centro de controle do tráfego aéreo de Brasília (Cindacta-1). A comunicação só foi restabelecida após o choque com o Boeing da Gol, depois que os pilotos acionaram a freqüência de emergência.O relatório preliminar também deverá descartar qualquer falha dos equipamentos em terra, tanto dos radares quanto das antenas de rádio. Para comprovar que os sistemas eletrônicos funcionavam perfeitamente no momento do acidente, os investigadores apresentarão o resultado das análises feitas pelo avião laboratório da Força Aérea Brasileira (FAB). Durante quase uma semana, a aeronave refez o trajeto percorrido pelos dois aviões e nada de anormal foi constatado.O fator humano, que avalia aspectos psicológicos e fisiológicos que possam ter refletido nas ações das tripulações, deverá trazer um breve relato sobre a formação dos pilotos – tanto do jato quanto do Boeing – e dos controladores de vôo.Nessa fase, os peritos da Aeronáutica apresentarão apenas dados concretos sobre o acidente, que não possam ser interpretados ou contestados. As informações extraídas das caixas-pretas das duas aeronaves não devem figurar no relatório preliminar, assim como os diálogos entre os controladores de vôo e os pilotos do Legacy. Para especialistas em aviação, as transcrições são fundamentais para se desvendar se as ordens transmitidas pela torre de controle de São José dos Campos e pelos profissionais do Cindacta-1 induziram ou não o comandante do jato a erro.Antes de ser apresentado oficialmente à imprensa, uma cópia do relatório preliminar será entregue aos familiares de cada uma das 154 vítimas do acidente. Homens da FAB continuam na mata em busca do corpo do bancário Alexandre Paixão, único ainda não resgatado. Assim que as operações forem oficialmente encerradas, no fim desta semana, oficiais da Aeronáutica voltarão à Fazenda Jarinã, base de apoio das operações, para agradecer a cooperação da população local.LAUDOSOs laudos do Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília revelam que as vítimas do acidente com o avião da Gol morreram por politraumatismo. Ontem, os documentos começaram a ser liberados para as famílias. Embora tenha havido despressurização da cabine após o choque com o Legacy, os laudos comprovam que as mortes não se deram por asfixia. Quando estava a cerca de 6 mil pés do solo, o Boeing começou a se desintegrar.

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