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Saúde de índios é a mais afetada pela retirada dos médicos cubanos de MS

16/11/2018 09h47

Mato Grosso do Sul deve perder 114 médicos cubanos. Prefeito avalia que situação gera um “colapso” nos municípios

Redação

Com o impasse gerado entre o presidente eleito Jair Bolsonaro e o governo de Cuba, que decidiu retirar os profissionais do programa “Mais Médicos”, Mato Grosso do Sul deve perder 114 profissionais de saúde.

Algumas cidades do interior, a exemplo de Corumbá, a 419 km de Campo Grande e Dourados, a 233 km da Capital, devem sofrer maior impacto.

Dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde) indicam 10 profissionais em Corumbá e 9 em Dourados. Quem mais vai sofrer, no entanto, é a saúde indígena, que vai perder 11 profissionais.

Coordenador do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul, Fernando Souza afirma que a situação é preocupante.

“Nós estamos muito preocupados, até por conta da situação que se encontram os nossos indicadores de saúde. Esse ano de 2018 deu uma piorada, com esse anúncio da suspensão essa situação pode se agravar.

Hoje, eles estão naqueles municípios, pequenos municípios, exatamente onde a gente não tem encontrado profissional pra ser alocado”, explicou.

Segundo o coordenador, cidades como Aquidauana, Amambai, Iguatemi e Antônio João devem sofrer com a retirada dos médicos. A localidade das aldeias e comunidades indígenas, explica, não atrai profissionais para as vagas.

“A gente aderiu porque eram áreas que já estavam sem médicos há um tempo. Quando veio o programa ficamos felizes.

Antes dificultava o fechamento de diagnóstico, que acomete o nosso povo, com a ausência dos médicos vai voltar tudo como era antes, e a gente não tem médicos que estão dispostos a atender essas localidades”, declarou.

Colapso – Outras cidades, como Rio Verde de MT, vai perder 4 profissionais. Prefeito da cidade a 207 de Campo Grande, Mário Kruger, acredita que a saúde, com destaque para as cidades do interior, deverá sofrer um “colapso”.

“Nós temos 4 cubanos, um até já se naturalizou brasileiro, mas vai ter que fazer o revalida. Para nós vai ser um fracasso em todas as cidades que tem uma situação difícil.

Eles atuam em unidades de atendimento à família. Eu entendo perfeitamente, acho que eles deveriam, receber os recursos que eles geram, mas pode ter certeza que vai ocorrer um colapso”, comentou.

O prefeito também afirma que os municípios não têm condições de arcar financeiramente com o custo dos médicos. “Imagina, você tem quatro unidades, atendidos pelos nossos médicos, e 4 pelos cubanos, vai ficar 4 unidades sem médicos.

O custo disso aí par ao município, dá R$ 140 mil por mês, R$1,4 milhã por um ano, fora as obrigações sociais”, comentou.

Para o chefe do executivo, as declarações de Bolsonaro foram equivocadas e impensadas. Os prefeitos, segundo ele, têm reunião marcada em Brasília no próximo dia 19, ocasião em que deve discutir o assunto.

“Então já que estão tirando e vão ter que dar um jeito. Quando fala alguma coisa tem que pensar, foi equivocado, eu acredito que foi teria que fazer um acordo, não tem noção, não entende o que acontece nos nossos municípios. Não pode ser tudo radical assim”, declarou.

Ministério da Saúde – Por meio de nota oficial, o Ministério da Saúde afirma que, nesta sexta-feira (16), ocorre uma reunião com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) “para a definição da saída dos médicos cubanos e entrada dos profissionais brasileiros que serão selecionados por edital”.

O Ministério prepara um edital para selecionar profissionais que devem atuar em 8.332 vagas que serão deixadas pelos médicos cubanos. A seleção, conforme o Ministério, deve ocorrer ainda em novembro.

Impasse – Nesta quarta-feira (14), o governo de Cuba divulgou nota anunciado a interrupção da cooperação técnica com a Opas que permite o envio de médicos para o Brasil.

O comunicado cita “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) à presença dos médicos cubanos no Brasil.

O país caribenho envia profissionais para trabalhar nas regiões mais carentes do país desde 2013, quando a gestão de Dilma Rousseff (PT) criou o Mais Médicos. A nota do governo cubano não informa a data que médicos deixarão o Brasil.

O presidente eleito, que em agosto, durante a campanha, havia falado em “expulsar” os cubanos do Brasil, reagiu. “Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, publicou no Twitter.

(*) Campo Grande News

No Estado, população indígena é que mais vai sofrer impacto da ausência de médicos vindos de Cuba para atendimento. (Foto: Ministério da Saúde)

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