24.2 C
Três Lagoas
quarta-feira, 17 de abril de 2024

Substância proibida nas olimpíadas, meldonium divide especialistas antidoping

15/04/2016 17h43 – Atualizado em 15/04/2016 17h43

A organização reconheceu que não há como medir quanto tempo o organismo precisa para eliminá-la, o que torna difícil comprovar se a substância foi ingerida antes ou depois da proibição.

Da redação

Proibida desde janeiro pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), o uso da substância que quase impediu a tenista russa Maria Sharapova de participar das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o meldonium, vai contar com alguma tolerância nas competições: na quinta-feira (14), a organização reconheceu que não há como medir quanto tempo o organismo precisa para eliminá-la, o que torna difícil comprovar se a substância foi ingerida antes ou depois da proibição.

A tenista russa havia sido pega com Meldonium em março e ficaria fora dos Jogos do Rio. Em palestra no 33º Congresso de Cardiologia, no Rio de Janeiro, o responsável pela área de doping da Rio 2016, o médico Eduardo Henrique De Rose, confirmou que os testes preliminares mostram que o meldonium pode levar meses para sair do corpo. Ele anunciou que a Wada vai considerar uma janela entre 1º de janeiro e 31 de março e não punirá atletas positivos no período.

Com a decisão da Wada, de considerar apenas os testes a partir de 1º de março, os exames positivos anteriores, como os de Sharapova, serão anulados. Para considerar positivo, a Wada também estabeleceu o mínimo de 1 miligrama no organismo.

A decisão foi recebida com alento pelo comitê olímpico russo, que teve outros atletas também identificados com o meldonium, como a nadadora Yulia Efimova, além de Sharapova. A expectativa é que competidores sejam anistiados e voltem ao páreo nas Olimpíadas.

Utilizada para tratar isquemia, que é a falta de sangue em partes do corpo, a droga ajuda na circulação e pode melhorar o desempenho dos atletas. No entanto, médicos divergem de seu efeito como doping. O presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro (Socerj), Ricardo Mourilhe, que assistiu a palestra de De Rose, alerta que os estudos referenciados na proibição da Wada não são conclusivos e que o medicamento pode ser, na verdade, placebo.

“Se você faz uma busca científica sobre essa substância, encontrará estudos pequenos, feitos todos nos Leste Europeu (onde a droga é mais comum) e vai ver que o medicamento serve para tudo. [Serve] para melhorar a isquemia, a performance neurológica, a insuficiência cardíaca, tudo. É quase como aqueles fitoterápicos que servem desde dor de barriga ao AVC (acidente vascular cerebral). Existe uma coisa chamada placebo que tem entre 30% e 40% de chance de melhorar tudo o que você tem. Com o meldonium pode acontecer a mesma coisa”, comparou.

Em debate no congresso, o médico da Wada concordou com o presidente da Socerj. Porém, sabendo que a droga é proibida, disse que o uso não é adequado pelos atletas. “É difícil eu responder essa porque eu concordo com você”, brincou. “Você [Mourilhe] tem razão. A Wada está tomando uma decisão sem muitos estudos, especialmente sobre os efeitos dessa substância”.

Para os Jogos do Rio, a Wada pretende fazer cerca de 6 mil testagens antidoping, sendo 4.480 de urina e 1.246 de sangue, nos atletas, antes das competições, mas também em horários de lazer. De Rose explica que vai usar no Brasil técnicas que estavam disponíveis nas Olimpíadas de Londres. “Não porque é no Brasil, mas porque o antidoping no mundo avançou muito”.

Uma das inovações é testagem especial para cada modalidade.

O médico do Comitê Olímpico Brasileiro também voltou a afirmar que, com a participação de 150 cientistas da Wada, o único laboratório antidoping do Brasil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, funcionará 24 horas, sete dias da semana. “Se você pegar o laboratório normal, eles não poderiam fazer. Mas esse laboratório, com os equipamentos que tem, com o reforço do pessoal que virá dos 30 laboratórios da Wada, funcionará tranquilamente”, disse.

Todos os outros países que sediaram olimpíadas mantiveram apenas um laboratório para testes antidoping. As exceções são a Espanha e a Alemanha, segundo De Rose.

(*) Agência Brasil

A tenista russa havia sido pega com Meldonium em março e ficaria fora dos Jogos do Rio. (Imagem: Divulgação)

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.