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quinta-feira, 28 de março de 2024

Suzano está próxima de fechar acordo de compra da Fibria

09/03/2018 08h58

Redação*

Os acionistas das produtoras de celulose Suzano Papel e Celulose e Fibria estão próximos de fechar um acordo que leva à combinação das duas empresas e cria uma gigante mundial, com 16% do mercado. A família Feffer, a Votorantim e a BNDESPar negociam os termos finais de uma proposta de aquisição de até 100% da Fibria por sua concorrente, segundo fontes. O negócio, descontando dívida, pode superar US$ 10 bilhões, com pagamento em dinheiro (a maior parte) e ações da nova companhia.

O Valor apurou que o formato final da operação ainda está em discussão, mas uma das premissas já definidas é a saída da Votorantim do negócio e a permanência da família Feffer no controle. No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é acionista de ambas, a intenção é vender a totalidade das participações aproveitando o valor histórico alcançado em bolsa. Caso o modelo final seja uma combinação de companhias, e não compra, o BNDES admitiria permanecer como sócio em uma operação de troca de ações para garantir que o setor permaneça com capital nacional.

A Suzano corre para amarrar o quanto antes um acordo de compra da Fibria diante da possibilidade de que competidores estrangeiros apresentem propostas firmes mais agressivas e por 100% da companhia. Um dos desafios neste momento é conciliar os interesses de comprador e vendedores. A Suzano busca reduzir ao mínimo possível o desembolso de recursos na operação. Por sua vez, a Votorantim quer se desfazer de todas as ações, de uma só vez, que valiam R$ 11 bilhões ontem sem considerar o prêmio de controle. Para o grupo, ou fica com Fibria, e cresce, ou vende.

O sucesso da operação ainda depende de afinar a definição do preço. A Votorantim busca, neste momento, ampliar o valor que tem a receber, mas já há consenso sobre grandes números.

Pelo estatuto da Fibria, caso a Votorantim venda os 29,42% que possui na companhia, o comprador terá de estender a oferta a todos os acionistas da empresa, incluindo BNDES. E isso elevará o valor da operação, considerando-se preços de mercado, a algo em torno de US$ 10 bilhões, já descontada a dívida líquida e embutido um prêmio de controle de 25%.

O Valor apurou que uma alternativa para evitar a oferta pública de aquisição (OPA), obrigatória em caso de aquisição de 25% ou mais, é que a Votorantim receba pagamento em dinheiro por até 24,9% de sua participação. E troque os 4,52% restantes por ações da empresa resultante da fusão de Fibria e Suzano, ficando por um tempo como minoritária ou investidora. Mais à frente, venderia.

Para que esse modelo prevaleça, será necessário o aval do BNDES. O banco receberia ações da nova empresa em troca dos 29,08% que tem na Fibria e dos 6,68% na Suzano. Segundo fontes, há no banco um grupo que defende a permanência no capital da companhia resultante. Outro avalia que essa é a hora de monetizar o investimento realizado há anos na indústria e defende a venda das ações – avaliadas em R$ 10,8 bilhões a preços de ontem. Um comitê foi destacado no banco para trabalhar esse tema.

A decisão do BNDES envolve ainda um fator estratégico, segundo fontes. Além da Suzano, há outros interessados na Fibria e pelo menos um deles, a Paper Excellence (PE), já estaria em busca de financiamento para fazer uma oferta por 100% da produtora de celulose dos Ermírio de Moraes. Com isso, há risco de outra empresa do setor, e a maior delas, passar às mãos do capital estrangeiro. A PE não titubeou em oferecer à J&F, em setembro, R$ 15 bilhões pela Eldorado Brasil, tirando da frente interessados, inclusive a Fibria.

Uma fonte que acompanha as conversas acredita ser muito difícil convencer o BNDES a não exercer seu direito de vender junto com Votorantim, pois Fibria está no topo de seu valor histórico. O entendimento é que, além do preço, a existência de um interessado disposto a comprar toda a Fibria em dinheiro coloca pressão também sobre o banco para não abrir mão de seu direito.

De acordo com fontes de mercado, as famílias controladoras de Suzano e Fibria entendem que a operação mais interessante passa pela combinação dos ativos das duas empresas. Mas outras ofertas não serão ignoradas. Diante disso, a Suzano também se prepara para uma aquisição de 100% do negócio, em dinheiro, caso seja necessário, e fazer frente ao cheque de US$ 10 bilhões.

Não houve acordo com a Votorantim para formação de uma sociedade entre as duas famílias. E o desejo da Votorantim, se for pela saída, dispara o direito de o BNDES vender conjuntamente.

Para os Feffer, a operação é estratégica, pois celulose e papel é o grande negócio da família. Já os Ermírio de Moraes, na quinta geração, tê outros negócios, como cimento, metais e energia.

Conforme o Valor apurou, a Suzano deve obter os recursos com um ‘pool’ de bancos internacionais. “Bancos nacionais não conseguem oferecer dinheiro a um custo competitivo para essa transação”, disse uma fonte.

De início, a dívida de US$ 10 bilhões levaria a uma alavancagem combinada de 5 vezes o Ebitda das duas empresas somadas – R$ 9,6 bilhões em 2017. “A velocidade de desalavancagem nesse setor é muito alta. Cabe, sim no bolso da Suzano”, ponderou pessoa ligadas às negociações. Os cálculos apontam que, com a nova linha de produção da Fibria em Três Lagoas, mais sinergias, o índice de alavancagem cairia para 3 vezes já em 2019. Quem conhece David Feffer, contudo, pondera que ele dificilmente aceitaria tornar a Suzano uma companhia altamente endividada.

No momento, o BNDES mantém conversas com representantes de Fibria e de Suzano sobre a possível fusão das duas empresas, disse ao Valor o presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro. Segundo o executivo, existe uma negociação em curso entre as duas companhias, das quais o banco é sócio. Nessas discussões, o BNDES tido uma participação ativa, indicou Rabello de Castro.

“Temos conversado e estamos integrados nesse trabalho que é o de juntar esses dois gigantes [do setor de papel e celulose]”, disse o presidente do BNDES. Perguntando sobre se as conversas apontam no sentido de a fusão entre Suzano e Fibria ser possível, Rabello de Castro respondeu: “Está na cara que a fusão é uma possibilidade, mas estamos em momento em que nada mais pode ser dito.”

Procuradas, Votorantim e Suzano informaram que não comentam o assunto.

(*) Conteúdo extraído, na íntegra, do portal Valor Econômico, por meio do link http://www.valor.com.br/empresas/5373435/suzano-esta-proxima-de-fechar-acordo-de-compra-da-fibria

Unidade da Fibria em Três Lagoas. Empresa é líder mundial na produção de celulose de eucalipto. (Foto: Ygor Andrade/Arquivo/Perfil News).

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