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quinta-feira, 28 de março de 2024

“Três Lagoas precisa parar de mendigar obras”

06/09/2018 17h52

“Três Lagoas precisa parar de mendigar obras”

Jorge Martinho, candidato do PSD a Deputado Estadual, afirma que cidade é a locomotiva do Estado mas não há retorno

Gisele Berto

Aos 59 anos, Jorge Martinho já é figura conhecida da cidade. Filho de pai e mãe ex-vereadores e sendo ele próprio ex-vereador por dois mandatos, ex-Secretário de Saúde e ex-candidato a prefeito, Martinho acredita que o trabalho à frente da Secretaria de Saúde de Simone Tebet ainda lhe renda frutos.

Casado, pai de 3 filhos, Martinho conta, ainda, com o forte apoio que vem de Campo Grande, já que Marcos Trad, prefeito da capital, é casado com a sobrinha dele. Por conta disso aparece nas pesquisas feitas em Campo Grande como Tio Jorge.

É a primeira vez que Martinho se candidata à Assembleia. Cirurgião dentista e especialista em Saúde Pública e Sanitarista – cargo que exerce até hoje no município, de forma concursada, Martinho foi Secretário de Saúde no primeiro mandato de Simone Tebet, entre 2005 a 2008. Depois se elegeu vereador por dois mandatos, de 2009 a 2016. Tentou a eleição a prefeito, concorrendo com o atual Prefeito Ângelo Guerreiro. “Só não ganhei porque faltaram 30 dias”.

“Minha vida pública começou quando eu fui presidente da Associação Brasileira de Odontologia da regional de Três Lagoas, de 2000 a 2004. Na Associação a gente tinha uma relação muito próxima com o governo, porque a gente na época fez um convênio com a prefeitura, quando o prefeito era o Issam Fares. Fazíamos plantões odontológicos aos finais de semana e feriados de forma gratuita. Naquela época a gente já tinha essa relação com a comunidade. Nós cedíamos o profissional, eles cediam o espaço do centro odontológico e lá a gente fazia os plantões para urgência e emergência, e atendia o pessoal da zona rural, que vinha fazer compra no final de semana e fazia todo o tratamento”

“Eu comecei a vida pública aí. Aí saí a vereador. Fiquei na primeira suplência e a Simone me chamou para a Secretaria”.

Legado na Secretaria da Saúde

“Eu tinha uma eleição fácil para vereador, mas preferi saiu para prefeito. Eu tive uma passagem pela Secretaria de Saúde muito forte. Fizemos uma gestão na saúde aqui que marcou muito. Quando nós deixamos a secretaria, a saúde era o item mais bem avaliado pela população aqui em Três Lagoas. Por conta das inovações que nós empreendemos aqui – Clínica da Mulher, Clínica de Cirurgia e Diagnóstico, Serviço de Oncologia, Samu, Clínica de Fisioterapia, Clínica da Criança, abertura de posto de saúde à noite, combate à dengue com o mosquitrap, biolarvicida, o monitoramento inteligente do mosquito. Recebemos prêmio nacional entre os cinco melhores secretários de saúde do Brasil pela Universidade de Minas”.

Martinho afirma que boa parte do que se encontra instalado na saúde de Três Lagoas ainda é fruto de sua gestão à frente da pasta.

O trabalho na Câmara dos Vereadores

Quando vereador também teve um trabalho expressivo. “Na Câmara fui um dos vereadores com mais projetos de lei aprovados e sancionados. A gente tem bastante projetos, e não são projetos tipo de nome de rua, do dia de não sei o que. Procurei trabalhar com projetos que pudessem servir as pessoas”. Martinho teve mais de 20 projetos que se transformaram em Lei.

Família política

Martinho afirma que não tinha expectativa de disputar cargo eletivo. “Meu pai já era vereador, minha mãe já tinha sido vereadora. A gente acompanhava política de casa, das campanhas que eles faziam. Eu trabalhava no meu consultório particular e na rede pública, concursado. Um dia ele desistiu, disse que não queria mais se candidatar a cargo eletivo e que ia se dedicar à medicina. Foi onde eu entrei”.

A importância de o eleitor votar em candidatos da região

Martinho acredita que região do Bolsão poderia eleger mais deputados. “Três Lagoas sozinha elege um. Só a cidade”.

No entanto, segundo ela, enquanto não houver o voto distrital a região ficará carente de representantes, já que muitos votos daqui acabam indo para candidatos de outros lugares.

“Enquanto a gente não fizer a reforma política, não criar o voto distrital, nós vamos sofrer com isso. Hoje por exemplo, nós temos cinco candidatos a deputado federal. Isso dificulta muito, eles têm que buscar voto fora daqui. Diferente de outros colégios, como Campo Grande e Dourados, que são colégios eleitorais grandes e os candidatos saem eleitos lá de dentro”.

Martinho acredita que a reforma política é importante para reduzir o número de partidos. “Quase 40 partidos é brincadeira. O dia que a gente tiver três ou quatro partidos e fizer uma reforma para valer, com certeza o número de candidatos vai cair, porque cada partido só pode lançar um. Se fizer o voto distrital, em que só pode votar em candidatos da região. Os indecisos precisam priorizar seu voto para os candidatos da cidade e da região. Apesar de ser uma eleição difícil, é necessário priorizar esse voto. Aqui na região o número de votos para candidatos de fora é expressivo. Você soma mais de 15, 20 mil votos para eleger um deputado estadual que são usados em candidatos de fora”.

“A gente precisa praticar o bairrismo, mesmo. Vamos escolher candidatos daqui. E isso vai para os partidos políticos e candidatos: eu saí candidato agora nesta eleição porque eu vi chance de me eleger. Se eu não tivesse chance de eleição para deputado estadual eu não teria saído candidato. Mesmo tendo aqui 18 mil votos para prefeito, e eu sei que só isso seria suficiente para me eleger”.

Martinho acredita que a própria eleição de Marcos Trad em Campo Grande tenha aberto espaço no cenário eleitoral e favorecido a sua candidatura, já que o atual prefeito da Capital deixou de concorrer a Deputado Estadual. “Ele foi o deputado estadual mais votado no estado por cinco vezes e a proximidade que eu tenho com ele abriu portas para mim. Fez com que eu me animasse a ser candidato e pudesse colocar o meu nome”.

O apoio ao PSDB

Martinho afirma que não faz oposição porque não tem mandato. “No meu partido existem vereadores eleitos que fazem oposição por conta do mandato que têm e eles foram eleitos com essa condição, e estão fazendo oposição sadia, isso tem que ter”.

Martinho explica, ainda, seu posicionamento a respeito do seu apoio ao atual Governador Reinaldo Azambuja. “Na última eleição do Reinaldo eu votei nele. E continuo com a mesma postura e vou votar nele nessa eleição também. Quem mudou de postura foi o PSDB de Três Lagoas, que se juntou ao MDB, que a gente fazia oposição na Câmara. Aí eu não pude ficar com ele. Prova que eu tava certo é que eu continuo com o Reinaldo e o PMDB, que ele se aliou, é candidato contra o Reinaldo”.

Na possibilidade de existir um palanque para o atual governador em Três Lagoas, Martinho diz que estará presente. “E espero que o prefeito esteja lá também, afinal são do mesmo partido”.

Primeira atitude se eleito

“Quero resgatar o que é de direito de Três Lagoas. A cidade sempre se vê envolvida em notícias boas na área econômica. Muitas indústrias; algumas, as maiores do mundo, a cidade que mais exporta, o segundo PIB do estado. Isso tudo que falam é verdade, só que também é verdade que isso enche os cofres do Estado. Três Lagoas é a locomotiva do Estado. Tanto em recursos oriundos em impostos gerados quanto pela fase de construção dessas empresas. Eu fiz uma conta aqui que nós temos aqui investidos, em 10 anos, mais que o Brasil investiu na Copa do Mundo inteira. É muito dinheiro em uma cidade só. Quero cobrar do Estado o retorno desses recursos para o município”.

O desenvolvimento de Três Lagoas

Martinho afirma que a cidade perdeu a grande oportunidade de construir uma grande cidade. No entanto, com os incentivos fiscais, uma lei aprovada em 2010 garante isenção de ISS e IPTU para as empreiteiras que vêm fazer obras para as in dústrias.

“Fui contra essa lei na época e fui voto vencido. Mas ela está em vigor até hoje. Eu tinha feito uma proposta para o Guerreiro quando ele ainda era deputado, antes de eu sair da Câmara e eu nem pensava em ser candidato a prefeito. Falei para o Guerreiro convencer a Márcia (Moura, prefeita à época) a tirar esse projeto de lei que isenta as empresas. Estava para começar a segunda fase da obra da Fibria, Horizonte 2. E, tirando a Lei, falei para ela mandar outra Lei para a Câmara com a seguinte proposta: ao invés de dar isenção de 5% de ISS para as empreiteiras que vêm para cá, fala que a empresa que quiser isenção vai ter 2,5%, mas esse valor ela não vai pagar em dinheiro, ela vai pagar em obras. Se tem que pagar R$ 50 milhões de ISS a parar eles pagam R$ 25 milhões na construção de obras. Só a Fibria gastou 8 bilhões. Com a isenção deixamos de recolher de ISS R$ 400 milhões. Se baixasse isso pela metade teríamos R$ 200 milhões que seriam feitos em obras, não em dinheiro”.

De acordo com Martinho, a cidade ficou rodeada de grandes empresas, com um poder econômico fantástico. “E a nossa cidade não tem iluminação pública, é toda esburacada, não tem esgoto”.

“Eles concordaram comigo. Aí a ideia é que as obras que a gente faria no município contrataria só gente daqui. Toparam na hora. Mas aí eu não sei o que aconteceu, existem muitos interesses e isso não aconteceu”.

“O problema de emprego se resolveria daquela maneira que eu tinha falado, com as obras que seriam feitas na cidade, de infraestrutura. Ainda gerava recursos, entrava mais dinheiro para os cofres públicos. Um hospital de R$ 56 milhões há 8 anos para ser construído e a gente abriu mão de R$ 200 milhões”, lamenta.

“Três Lagoas precisa parar de ‘mendigar’ obras”

“Na minha atuação na Assembleia eu quero mostrar que a nossa região é uma locomotiva, que a nossa região colabora e puxa esse Estado para a frente. Só que a gente não tem retorno. Tem que ficar mendigando para restaurar uma rodovia dessas, que já devia estar restaurada, devia ser pista dupla essa BR-262. O Governo Federal também ganha dinheiro aqui, e muito”.

Para Martinho, esse seria seu papel como parlamentar. “Isso de emenda é limitado, é mais política que solução. Dá umas cadeiras de roda ali, uma academia popular acolá. Tem que pensar em coisas estruturais e profundas. E trazer esse debate para a assembleia, chamar os prefeitos”.

A CPI e o processo de ruptura com o MDB

Martinho era do MDB quando foi Secretário de Saúde do governo Simone Tebet e afirma que foi vítima de ciúmes da cúpula do partido. “Eu montei na Saúde uma estrutura super boa. Eles perceberam o meu crescimento político, tentaram achar um jeito de minar. Eu era muito querido pelos funcionários da saúde e pela população pelo trabalho que eu tinha feito, e sou ainda”.

Enquanto Martinho era oposição ao governo Márcia Moura foi aberta contra ele uma CPI por ocupar o cargo de vereador enquanto trabalhava como médico sanitarista. “Quando eu me elegi vereador tinha uma porção de coisas que estavam acontecendo na saúde e eu estava acompanhando. A prefeita Simone, na época, pediu para que eu ficasse alguns meses ainda trabalhando como sanitarista e vereador – que eu podia ficar os quatro anos trabalhando, porque a lei permite acumular cargos, mas eu optei por ser só vereador. Mas fiquei, a pedido da Simone, quatro ou seis meses acompanhando os projetos. E queriam procurar alguma coisa, criar um fato. Na época eu apoiava o Guerreiro contra ela. A CPI era para reclamar que eu trabalhava lá e em outro lugar, e alegavam que eu tinha viajado pela Câmara e tinha ganhado pela Prefeitura. Só que, quando eu fazia isso, eu anotava nas folhas de ponto que eu estava saindo a serviço da Câmara Municipal, conforme relatório tal e tal. Eles abriram a CPI para criar um fato político, aparecer no jornal, soltaram jornal em tudo o que é casa, porque eles não queriam a minha eleição. Por isso que eu não fiquei com o Guerreiro quando ele se juntou com eles (MDB). Minhas folhas de ponto sumiram todas na prefeitura. Era a prova que eu estava certo e sumiram, tiraram dos arquivos, não tem. Fui absolvido na Câmara por unanimidade, eles mandaram para o Ministério Público, que abriu um processo, a Prefeita abriu um processo contra mim aqui e perdeu aqui. Ela recorreu, eu apresentei no Tribunal de Justiça e o TJ me deu ganho de causa”.

“Não cometi nada. Entrei na Secretaria de Saúde, atravessei 12 anos de vida pública, não tem um questionamento no Tribunal de Contas, nada. Não tem bens bloqueados, nada. Mas o povo sabe. É por políticos assim que Três Lagoas está atrasada desse jeito, fica só marido e mulher e só troca a cadeira. Mas estão surgindo novas lideranças na cidade, isso vai mudar. Três Lagoas já se libertou e essa eleição vai mostrar.”


“Três Lagoas precisa parar de mendigar obras”

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