12/11/2002 11h19 – Atualizado em 12/11/2002 11h19
Uma guerra contra o Iraque pode agravar um possível conflito nuclear, causar a morte de cerca de 4 milhões de pessoas e uma catástrofe nas áreas de saúde e ambiental, segundo opinião de especialistas da área médica.
Mesmo sem a utilização de armas nucleares, 500 mil mortes podem ocorrer devido a uma guerra civil, escassez de comida e possíveis epidemias, ademais a disputa pela região petrolífera pode “esquentar” os conflitos já existentes.
Muitas pessoas provavelmente vão deixar o Iraque e o colapso na crise econômica iraquiana, seguida do aumento do preço do barril do petróleo, deve gerar uma crise econômica global, de acordo com a organização britânica de saúde Medact (formada por médicos, enfermeiros e especialistas na área de saúde de todo o mundo).
“A necessidade de assegurar que o Iraque esta livre dessas armas (de destruição em massa) não justifica uma guerra”, disse Gill Reeve, diretora assistente da Medact, para a agência de notícias Reuters.
“Nós estamos fazendo um último esforço para tentar fazer com que as pessoas entendam essas razões, para que pensem nas consequências”, disse.
A Medact argumenta que há outras possibilidades [para assegurar o desarmamento do Iraque] e descreve a morte maciça e a grande destruição que uma guerra contra o país de Saddam Hussein poderia causar.
Em um relatório sobre o impacto de uma guerra sobre a perspectiva da saúde pública, a organização previne que qualquer conflito contra Saddam (presidente do Iraque), seria um grande estrago: pode custar mais de US$ 200 bilhões e deixar o Iraque arruinado.
Rejeição
Hoje, o Parlamento do Iraque rejeitou a recém-aprovada resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual se exige o desarmamento do país, mas disse que o presidente iraquiano teria a palavra final sobre o assunto.
A rejeição é um desafio aos Estados Unidos. De todo modo, Saddam, que, segundo analistas, toma todas as decisões importantes no país, tem até sexta-feira (15) para dizer se aceita ou não a resolução, que prevê “consequências sérias” no caso de ser rejeitada.
O órgão aprovou uma moção nos seguintes termos: “As recomendações do Parlamento são pela rejeição da resolução da ONU, seguindo a vontade de nosso povo, que confia em nós, e pela autorização para que a liderança política decida o que for mais apropriado para defender a independência, a soberania e a dignidade do Iraque.”
“O Parlamento autoriza o presidente Saddam Hussein a tomar a medida apropriada e ficará ao lado da liderança independentemente da decisão que adote.”
A sessão do Parlamento foi convocada depois de os 15 países-membros do Conselho de Segurança terem aprovado por unanimidade, na sexta-feira (8), o projeto de resolução elaborado pelos EUA.
O texto do documento exige que o Iraque permita o acesso livre dos inspetores de armas da ONU a todos os estabelecimentos do país (inclusive a todos os palácios de Saddam) sob pena de sofrer “consequências”.
Para os EUA, as consequências são uma investida militar para tirar Saddam do poder. Inicialmente, porém, o governo norte-americano aceitou negociar com o Conselho de Segurança antes de lançar a ação bélica.
Segundo o presidente dos EUA, George W. Bush, os esforços para desarmar o país árabe integram a “guerra contra o terrorismo”, convocada pela superpotência depois dos ataques de 11 de setembro do ano passado.
Os Estados Unidos e o reino Unido acusam o Iraque de ter um arsenal de armas químicas e biológicas que vai contra as determinações da ONU (Organização das Nações Unidas), e de estar construindo instalações para fabricar mais armamentos. Ademais, Saddam é acusado pelos dois países de ter fortes relações com grupos terroristas que são capazes de utilizar “armas de destruição em massa”. Bagdá nega as acusações.
O desarmamento dos arsenais de destruição em massa e mísseis iraquianos foi determinado pela ONU após a Guerra do Golfo (1991) como uma punição ao Iraque, que invadiu o Kuait em 1990.
Entre 1991 e 1998, a Comissão Especial da ONU para o Desarmamento do Iraque visitou dezenas de locais e destruiu grande quantidade de armas. Washington e Londres dizem que o país continua tentando fabricar uma bomba atômica e seria capaz de disparar mísseis com ogivas químicas e nucleares 45 minutos após dadas as ordens. Bagdá nega ter esses armamentos.
Fonte: Folha Online