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Jornalista nigeriana jurada de morte

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27/11/2002 16h23 – Atualizado em 27/11/2002 16h23

Quando a situação parecia ter se acalmado em Kaduna, no norte da Nigéria, onde 215 pessoas morreram após confrontos entre muçulmanos e cristãos – provocados por um artigo considerado ofensivo ao profeta Maomé -, uma fatwa (decreto religioso) foi emitida pelas autoridades locais, autorizando os muçulmanos a matar a jornalista Isioma Daniel, acusada de blasfêmia. O decreto, anunciado pelo governo do Estado de Zamfara – o primeiro de 12 a instaurar a sharia (lei islâmica), em 1999 – exorta os fiéis a matar Isioma por “ter ofendeu o profeta Maomé”.

“O islamismo prevê a pena de morte para qualquer um, independentemente de sua fé, que insulte o profeta. Conseqüentemente, o Estado aceitou esse veredicto que se aplica a Isioma”, afirmou Umar Dangaladina, porta-voz do governo de Zamfara. Dangaladima esclareceu que a iniciativa de emitir a fatwa não partiu das autoridades. “A decisão foi tomada depois de uma reunião entre o governo e 21 organizações islâmicas.”

Isioma, que escreve sobre moda, demitiu-se assim que começaram os distúrbios em Kaduna. As informações sobre seu paradeiro são contraditórias. Afirma-se que ela estaria presa, escondida ou mesmo que teria partido para bem longe de Kaduna. Nenhuma das versões pôde ser confirmada.

Na noite de segunda-feira, durante discurso pronunciado ante chefes religiosos em Gusau, capital de Zamfara, o vice-governador Mamuda Aliyu Shinkafa declarou que, “como no caso de Salman Rushdie, o sangue de Isioma pode ser derramado”. “É obrigatório para todos os muçulmanos, onde quer que se encontrem, considerar o assassinato da autora do artigo como um dever religioso”, afirmou.

Fonte: Jornal da Tarde

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