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José Rainha é reintegrado à coordenação do MST

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27/11/2002 13h18 – Atualizado em 27/11/2002 13h18

O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr.,42, escapou de punição e foi reintegrado, fortalecido, à coordenação do grupo na região. Rainha estava suspenso oficialmente desde julho pelo MST por ter se exposto demais em ações neste ano.

A decisão sobre uma punição a Rainha, mais do que um problema interno do movimento, tornou público uma disputa entre os dois grupos que disputam o controle do MST: os “sulistasdocument.write Chr(39)”, mais ligados a questões políticas e negociadores, e os “nordestinos”, dirigentes defensores de ações mais agressivas.

Rainha, pela ala dos “nordestinos” e Gilmar Mauro, 31, pela ala dos “sulistas”, sintetizam as diferenças de método na luta pela reforma agrária. A reunião, na qual até o afastamento de Rainha do Pontal era cogitado, acabou fortalecendo a posição dele na região.

Imposição

A única imposição da direção estadual para o líder do MST no Pontal é que Rainha não falaria com a imprensa sobre as questões internas do movimento. Até esta semana, estava funcionando.

O MST não divulgou o resultado da reunião e, procurado pela Agência Folha, Mauro evitou falar sobre as decisões tomadas em Teodoro Sampaio.

“Sobre esse assunto eu não vou conversar”, afirmou ele, que participou na semana passada de reuniões em Brasília com a direção nacional do MST. No Pontal, Rainha também silenciou sobre o resultado da reunião.

Em setembro, quando a suspensão de Rainha vazou para a imprensa, Mauro assumiu a responsabilidade sobre “qualquer decisão” sobre Rainha, que estava preso sob acusação de formação de quadrilha.

Defesa

Na época, o líder do MST disse que só iria tornar pública um posição sobre o caso depois que Rainha fosse libertado e ele “tivesse direito de ser ouvido”.

Rainha teve a chance de se defender após deixar a prisão. Ele foi solto no dia 13 por meio de habeas corpus concedido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além de Mauro e Rainha, participaram da reunião, em Teodoro Sampaio (672 km a oeste de SP), dirigentes regionais do MST no Pontal.

Na reunião, Rainha reclamou de que a direção estadual teria levado em consideração, sem ouvi-lo, acusações dos “inimigos”, por malversação de dinheiro da Cocamp, a cooperativa dos sem-terra em Teodoro controlada por Rainha.

Esse foi um dos principais temas da reunião, ainda que o MST só fale oficialmente dos “”exageros” nas ações de Rainha, que estariam colocando em risco a estratégia dos sem-terra no Pontal (extremo oeste de São Paulo), uma das regiões mais conflituosas no campo brasileiro.

Significado

Além de continuar controlando a Cocamp, apurou a reportagem, Rainha pretende ampliar o número de acampados na região enquanto o MST espera a política de assentamentos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na prática, a decisão de Teodoro Sampaio significa um recuo do grupo “sulista” em relação à política de ações de propaganda de e aglutinação de militantes da linha “nordestina”. A negativa de Mauro em falar sobre a reunião é apenas a confirmação de que o carismático Rainha -muito popular entre acampados e assentados na região- ganhou um round na disputa interna do MST.

Fonte: Agência Folha

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