02/12/2002 09h21 – Atualizado em 02/12/2002 09h21
O advogado do acadêmico dissidente Hasham Aghajari apelou da sentença de morte responsável pela detonação dos maiores protestos estudantis pró-reforma ocorridos no Irã nos últimos três anos. O apelo abre caminho para diminuir o nível de tensão entre os reformistas e as facções conservadoras do poder, em rota de colisão devido à condenação e devido a dois projetos de lei que desafiam o establishment conservador e que contam com o apoio do presidente iraniano, Mohammad Khatami, líder da ala reformista.
“O advogado apelou no dia 30 de novembro, mas hoje recebemos o apelo pelo correio”, disse Zekrollah Ahmadi, chefe do Judiciário na cidade de Hamedan, local da corte que condenou Aghajari. O dissidente foi sentenciado a morrer por enforcamento depois de ter questionado a legitimidade do controle exercido por líderes religiosos no país, argumentando que os fiéis não poderiam obedecer cegamente aos clérigos como se “fossem macacos”.
Depois da condenação, estudantes universitários de todo o país realizaram por duas semanas protestos quase diários, exigindo a realização de um plebiscito sobre o futuro da República Islâmica. Aghajari tem se recusado a apelar ele mesmo da condenação, mas, segundo declarações dadas por um político reformista familiarizado com o caso, o dissidente não se opunha a que seu advogado o fizesse.
Para tentar reduzir o poder dos conservadores no Judiciário e no Conselho dos Guardiões, Khatami apresentou dois projetos de lei. Mas, como todos os projetos, esses também precisam passar pelo crivo do próprio Conselho dos Guardiões, algo considerado improvável.
Fonte: Reuters