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sábado, 21 de junho de 2025

Confirmada a autenticidade da arma que matou Mussolini

07/08/2004 09h56 – Atualizado em 07/08/2004 09h56

As autoridades da Albânia revelaram o conteúdo da carta de um ex-comandante guerrilheiro italiano que confirma a autenticidade do fuzil com o qual foi assassinado, em abril de 1945, o ditador fascista italiano Benito Mussolini.

A carta, assinada por Walter Audisio, conhecido como “coronel Valerio” e um dos assassinos de Mussolini, foi divulgada pelo diretor geral do Arquivo Estatal da Albânia, Shaban Sinani.

Audisio, que foi deputado comunista no Parlamento italiano depois da guerra, entregou o fuzil automático a um diplomata albanês em 1957, acompanhado da carta dirigida aos líderes comunistas da Albânia.

“Por ocasião do décimo-terceiro aniversário da libertação de vossa Pátria dos invasores nazi-fascistas e como testemunho de minha profunda admiração pelo heróico povo albanês, envio a arma com a qual, em 28 de abril de 1945, foi julgado o criminoso de guerra Benito Mussolini por ordem do Comando Geral dos Guerrilheiros italianos”, escreveu Audisio.

A carta era dirigida ao Comitê Central do Partido Comunista da Albânia e nela são detalhadas as características da arma, um fuzil automático de calibre 7,65 milímetros, tipo MAS, modelo 1938 e com número de série F 20830.

Os dados correspondem ao fuzil que se encontra nos arquivos do Museu Histórico Nacional de Tirana e que o diretor desta instituição, Moikom Zeqo, mostrou esta semana à imprensa.

Zeqo disse à EFE que a arma voltará a ser exposta ao público no Museu Histórico Nacional em novembro, para quando está prevista a reabertura do Pavilhão da Luta Antifascista do Povo Albanês, fechado há mais de dez anos.

O carregador e quatro cartuchos que permaneceram na arma depois do assassinato de Mussolini serão expostos junto com o fuzil.

De 1957 a 1976, a arma esteve no Arquivo do Comitê Central do Partido Comunista albanês e era exposta ao público esporadicamente, por ocasião de festas nacionais, embora os especialistas colocassem em dúvida sua autenticidade.

Depois da morte de Audisio, em 1973, o fuzil foi exposto permanentemente em 1976 no Museu da Luta Antifascista.

Entre 1981 e 1991, ele permaneceu no Museu Histórico Nacional de Tirana, acompanhado da inscrição: “Com esta arma, em 28 de abril de 1945, os guerrilheiros italianos fuzilaram o pai do fascismo, Benito Mussolini”.

Depois da queda do regime comunista na Albânia, o pavilhão da luta antifascista do Museu Histórico Nacional foi substituído pelo do “genocídio comunista” e o fuzil acabou nos depósitos subterrâneos do edifício.

A pedido de Audisio, as autoridades comunistas albanesas mantiveram em segredo sua carta “para proteger os executores de Mussolini da perseguição da direita italiana”, explicou Sinani.

O diretor dos Arquivos do Estado considerou que os antifascistas italianos optaram por doar a arma aos comunistas albaneses, devido a seus laços especiais e à proximidade geográfica entre os países.

A eurodeputada Alexandra Mussolini, neta do líder fascista, disse esta semana que a Itália não deve permitir este “fetichismo histórico” e defendeu que a arma seja destruída porque a morte de seu avô foi um crime que não deve ser justificado.

Historiadores italianos rejeitaram as críticas expostas pela neta de Mussolini e asseguram que a arma tem muito interesse histórico e deveria ser exposta também na Itália.

Na II Guerra Mundial (1939-1945), setecentos guerrilheiros italianos formaram na Albânia o batalhão “Antonio Gramsci”, que, junto com as brigadas de guerrilheiros albaneses, lutaram pela libertação do país da ocupação fascista.

Depois da capitulação da Itália, em setembro de 1943, perto de 25.000 soldados italianos que fugiam da perseguição dos nazistas foram amparados pelas famílias albanesas, lembrou Sinani.

A Albânia foi ocupada pelos fascistas italianos em abril de 1939 e, no final de 1943, pelos nazistas alemães, de cuja invasão se liberou em 29 de novembro do 1944.

Fonte: EFE

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