30/10/2004 08h26 – Atualizado em 30/10/2004 08h26
Agência Brasil
Mesmo representando a maioria do eleitorado brasileiro (51,18%), a participação das mulheres na política ainda é pequena. Elas disputarão vaga para prefeituras em apenas sete dos 44 municípios que terão segundo turno. Segundo a socióloga e diretora colegiada do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Almira Rodrigues, esse número é resultado de “uma cultura machista que não está só nos homens”.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM (Brasília) , Almira Rodrigues lembrou que os homens dispõem de mais recursos financeiros e tempo para se dedicar às campanhas, “além de influências políticas mais fortes e expressivas que só podem ser explicadas se considerarmos alguns fatores, como o domínio masculino nos partidos políticos, o processo eleitoral brasileiro elitista e excludente, as condições desfavoráveis de competição para as mulheres e a mentalidade patriarcal dos eleitores”. Por isso, acrescentou, “a concorrência entre homens e mulheres é extremamente desigual”.
Em 2004, 6.555 mulheres foram eleitas (12,65% do total). Entre os homens, foram 45.257 (87,34%). Em comparação com as eleições de 2000, há uma diminuição de 446 mulheres e de 8.009 homens eleitos. Esta situação se deve à redução no número de cadeiras nas Câmaras Legislativas – mais de 8.000 -, o que intensificou a competição entre os candidatos. Apesar dessa queda no número de mulheres eleitas em 2004, a participação feminina foi ampliada em 1,04 ponto percentual, de 11,61% para 12,65%.
Almira Rodrigues disse ainda que o financiamento público destinado exclusivamente às campanhas eleitorais pode ajudar na melhoria da democratização política. “É um dado muito importante para que as mulheres e outros grupos da população como os segmentos afro-brasileiros e os jovens participem das eleições”. Estes segmentos, acrescentou, estão excluídos da política – porque o sistema é elitista e fechado”.