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Cantor é indiciado por música sobre o lança-perfume

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01/02/2005 15h47 – Atualizado em 01/02/2005 15h47

Dourados News

Tuca Fernandes, cantor da banda Jammil e Uma Noites, foi indiciado nesta segunda-feira pelo Artigo 12 Parágrafo 2º, Inciso 3º da Lei do Tóxico. O artista está sendo acusado de fazer difusão da substância entorpecente lança-perfume, quando canta a música Lança lança, composta pelo baixista Manno Góes.

Depois de uma conversa entre Tuca e o diretor do Departamento de Tóxicos Entorpecentes (DTE), Edemilson Nunes, na tarde desta segunda-feira na DTE, nos Barris, em Salvador, o inquérito policial foi instaurado e encaminhado ao Ministério Público, que tem o poder de censurar a canção. Caso a medida judicial não saia até antes do carnaval, a banda diz que irá cantar a música na festa.

O promotor público Jânio Peregrino Braga esteve presente na delegacia e afirmou ser uma ação rápida. “A letra da música e as fitas dos shows da banda são as provas. Não precisamos ouvir testemunhas. Acredito que nesta terça-feira, dia 1º, teremos uma resposta”, assegurou.

A banda passou pela mesma situação no Rio de Janeiro, mas o MP arquivou o processo. A canção Lança lança, composta em 1996, foi gravada no primeiro CD da banda, Tanta Coisa Mudou, em 1997. Desde o dia 5 de outubro foi relançada nas rádios e é uma das composições da coletânea Axé Bahia.

Caso a composição seja proibida, além de Jammil, qualquer outra banda que cante a música no carnaval poderá ter o vocal autuado e preso em flagrante, sem direito a fiança.

O empresário da banda, Paulo Borges, diz que se for determinada a proibição será um constrangimento muito grande para o grupo. “Imagine três mil pessoas dentro de um bloco gritando: canta, canta. Se anunciarmos que não vamos cantar, aí mesmo é que as pessoas vão insistir. É melhor deixar passar o carnaval para acabar com essa polêmica”, sugeriu.

Durante a instauração do inquérito, o diretor da DTE fez uma demonstração, colocando a lança-perfume dentro de dois copos descartáveis com água. Ambos foram corroídos pela substância. “As pessoas estão dispensando o uso do lenço e usando a lança diretamente na boca. Imagine o que não acontece com o organismo”, acrescentou Nunes.

Uma fita da Lavagem de Ondina, no domingo, em que a banda Jammil foi uma das atrações, foi passada na delegacia nesta segunda-feira. A fita, gravada por dois policiais que vestiram a camisa da festa, registrou várias cenas do uso do lança-perfume, inclusive na hora em que a música Lança lança foi cantada.

Segundo Tuca Fernandes, a música tem duplo sentido e as pessoas usam a droga independente da canção. Ele afirma que a idéia da composição não é fazer apologia ao lança-perfume e sim relembrar os bailes de carnavais antigos. “Não queremos associar nosso trabalho a nada de negativo”, disse.

O advogado da banda, Marcelo Junqueira Ayres, considera a censura da música um verdadeiro retrocesso. “A Constituição Federal de 1988 assegura a liberdade de expressão, a atividade intelectual e musical. Proibir a música seria andar para trás”, defende.

O compositor e baixista Manno Góes não prometeu parar de tocar a música até que a medida judicial seja estabelecida. “Iremos usar o bom senso e discutir o que fazer. Teremos a cobrança natural do público para que a música seja cantada, mas se a lei determinar iremos acatar. Esperamos que não seja necessário tirar a música do repertório tão perto do carnaval, depois que a canção emplacou”, acrescentou.

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