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Celulares captam relíquias digitais do papa João Paulo 2º

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08/04/2005 14h14 – Atualizado em 08/04/2005 14h14

The New York Times

O corpo do papa João Paulo 2º ficou exposto esta semana na Basílica de São Pedro, mas não foi um repouso pacífico com 18 mil pessoas passando por ele a cada hora – a maioria delas italianos com celulares com câmeras nas mãos.

Os rituais de funeral dos papas estipulados por João Paulo em 1996 proíbem especificamente tirar fotos de papas “em seu leito de morte ou após a morte”, exceto pelos fotógrafos especialmente credenciais. Cartazes na basílica também proibiam as fotografias. Mas esta semana, o ar em torno do ataúde do papa foi preenchido não só com orações, mas flashes e cliques.

Nenhum esforço foi feito para impedir os fotógrafos.

“É claro que todo mundo está tirando fotos”, disse Antonio Parente, 19 anos, que conseguiu tirar oito fotos nos 30 segundos que levou para passar pelo corpo. “Eles querem lembrar este momento”.

A igreja e a tecnologia dos celulares são as duas maiores e mais contrastantes instituições em Roma: uma muito antiga e a outra muito nova. Para a igreja, maior significa melhor para impressionar; para a indústria de celular, cada vez menor ganha a multidão.

Os celulares são para os romanos como os carros são em Los Angeles: símbolos de status. Todo mundo está perpetuamente buscando as novas tecnologias, que hoje em dia incluem câmera com zoom, vídeo e Blue Tooth, um sistema que permite aos dispositivos eletrônicos se comunicarem com mais rapidez e eficiência.

Então foi normal e previsível que elas se unissem nesta semana especial e que muitos italianos vissem este importante evento religioso – a morte do papa – através das lentes de seus celulares.

“No passado, os peregrinos pegavam uma relíquia, como um pedaço de roupa no corpo do santo”, disse Gianluca Nicoletti, um comentarista do La Stampa. “Aqui ocorreu uma transposição para um nível de fantasia. Eles estão levando para casa uma relíquia digital”.

O onipresente celular teve um papel mais prático esta semana. Nas últimas 24 horas, a Agência Italiana de Proteção Civil enviou mensagens de texto dizendo aos usuários de celulares quando a fila para ver o papa seria fechada.

Mas o mais impressionante é a forma como as câmeras dos celulares se tornaram centrais para a experiência religiosa. De certa forma, isto faz sentido para um papa que brincava com a câmera e em uma praça cercada por equipes de televisão.

“Com as câmeras do mundo focadas nela, a Praça de São Pedro se tornou o santuário sagrado do mundo digital”, disse Nicoletti. “Enquanto as pessoas estavam na fila elas podiam cantar ou rezar, mas estavam tirando fotos porque foram pegas em um evento paralelo”.

Parente e sete amigos esperaram 12 horas do lado de fora por seus 30 segundos com o corpo do papa, e ele quis aproveitar ao máximo. “Você tinha que fotografar muito rápido”, afirmou, aproximando o zoom da imagem em sua pequena tela, dois sapatos vermelhos precedendo um corpo vestido também em vermelho. “Ele é uma parte tão grande da história e ninguém pode tomar seu lugar”.

Não está claro o que os peregrinos pretendem fazer com as milhões de imagens do corpo do papa armazenadas em milhares de celulares. Luca Sabeta, 34 anos, um policial de Bolzano, na Itália, que dirigiu 518km, disse que guardaria as imagens para seus dois filhos adolescentes. “Mas nunca para ser protetor de

tela ou computador ou algo do gênero – é mais uma lembrança espiritual

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