27/12/2005 10h13 – Atualizado em 27/12/2005 10h13
Diário MS
O proprietário da empresa Gaspem Segurança, o policial da reserva Aurelino Arce, confirmou nesta segunda-feira ao Diário MS que foi um de seus seguranças o autor do tiro que matou o índio guarani-cauiá Dorvalino Rocha, 39. O crime aconteceu sábado, em frente a uma das fazendas que compõem o território “Ñande Ru Marangatu”, no município de Antônio João, região fronteira com o Paraguai. O segurança se chama José Carlos, mas Arce não revelou seu sobrenome. O empresário informou ainda que nos próximos dias vai apresentar à Polícia Federal a equipe que vinham fazendo a segurança das fazendas da região desde o dia 15 de dezembro, quando os índios foram despejados de três de propriedades. De acordo com Aurelino Arce, por indicação do presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino Ferreira, o ex-prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz, dono da maioria das fazendas em litígio com os índios, contratou nove seguranças de sua empresa para vigia as áreas desocupada há pouco mais de 10 dias, já que ainda existia um clima de tensão e os índios ameaçavam atacar os fazendeiros e capatazes da região. Gino nega que tenha feito a indicação.Ainda segundo ele, desde a chegada dos seguranças, a situação na área ficou ainda mais preocupante, já que os índios vinham impedindo a entrada dos produtores nas terras e fazendo constantes ameaças aos seguranças. “A informação que a nossa equipe nos passou é que no sábado um grupo de índios cercou a nossa viatura e iniciou um conflito. Um dos nossos seguranças foi atingido por uma paulada na cabeça e por questão de legítima defesa ele disparou três tiros um para o alto, outro no chão e o último que atingiu o índio”, contou o dono da empresa de segurança. Em contato com a reportagem do Diário MS, Dácio Queiroz, disse que não tinha maiores detalhes sobre o caso, já que viajou com sua família para interior de São Paulo para passar o Natal. Todos os seguranças da empresa e os capatazes das fazendas foram retirados da região por prevenção, já que os guaranis-cauiás prometem vingar a morte de Dorvalino Rocha. Nesta segunda, uma equipe da Polícia Federal realizou uma devassa na empresa de segurança para constatar que a Gaspem Segurança possuía o certificado de segurança para prestar este tipo de serviço e colher documentos que podem comprovar se os funcionários da empresa possuem treinamento e condições para desempenharem o papel de segurança particular. Segundo Arce, a Polícia Federal constatou que toda a documentação da empresa está legal e pediu a ele que apresente o segurança acusado de matar o índio. O superintendente da Polícia Federal no Estado, Delci Carlos Teixeira, determinou a abertura de inquérito para acusar o caso e enviou hoje mesmo duas equipes a Antônio João para iniciar as investigações sobre o assassinato do índio. Os trabalhos na fronteira, coordenados pelos delegado Jonas Rossati, conta com o apoio de agentes federais de Ponta Porã. Amanhã, os índios devem realizar um protesto no local do assassinato.