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O mocorongo político

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29/07/2008 08h02 – Atualizado em 29/07/2008 08h02

Não estou me referindo a nenhum candidato em particular, apesar de que muitos deles podem ser considerados néscios em política, pois a única coisa que lhes interessa é distribuir puchero misturada à lábia na tentativa de juntar votos. Nem tem idéia do que seja realmente uma verdadeira política, muito menos para quê servem a democracia e a cidadania. Ele também não está nem aí com isso. Quer as migalhas do dinheiro da campanha, ou algum carginho qualquer, e acha que seus votos lhe conferem algum poder. Estufa o peito ao se declarar de tal partido, cujos objetivos reais nem conhece. Objetivos reais, porque na ideologia todos os partidos são iguais, sempre em defesa do povo, mas, na realidade, há os que defendem os usineiros e os que defendem os trabalhadores nos canaviais. Há os que defendem os latifundiários, e os que defendem os sem-terra, os que defendem os patrões do comércio e indústria e os que defendem os barnabés da vida. No entanto, na época da campanha, todos defendem o povo; o povo que, na grande maioria, é formada, infelizmente, por mocorongos políticos.

O mocorongo político, travestido de eleitor, defende tal candidato, porque o vizinho, de quem ele não gosta, faz campanha para o adversário. Ou, porque tal candidato é amigo ou parente; ou porque o nome soa bem; ou porque, e isto é o máximo da imbecilidade, o candidato está em primeiro lugar nas pesquisas, ou que ele é uma pessoa rica, de posses. Como, se eleito, fosse dividir consigo a riqueza. Ele, na sua boçalidade, não se preocupa em conhecer a vida pregressa do candidato. Não se preocupa em saber de onde vieram suas conquistas e riqueza, se ele é um bom pai de família, se ele respeita e valoriza a mulher e se as suas atitudes sempre demonstram boas intenções. Não se preocupa em saber se candidato tem aptidão administrativa ou conhecimento suficiente para o bom desempenho do cargo. O importante para o mocorongo eleitor é ganhar tapinhas prestigiosas nas costas, na frente de todos.

Mal sabe ele que o preço da tarifa do ônibus, a qualidade de ensino do filho, o seu lazer nos finais de semana, o asfalto da sua rua, está em suas mãos, ao depositar o voto na urna. Não importa para ele se a cidade vai ficar no abandono, cheia de lixões pelos cantos, ruas esburacadas, o importante é que o seu candidato ganhe. Para tanto, ele não se preocupa em ouvir as propostas dos demais, pois para ele, os outros são adversários que devem ser desprezados e ridicularizados.

O mocorongo político não percebe o quanto é merecedor de pena, e inútil para a sociedade, pela sua exacerbada ignorância. Agora ele ri, amanhã todos choram, inclusive ele.

Por Brígido Ibanhes -Escritor e Coordenador do Movimento Metra

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