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Para pecuária de Três Lagoas retomar rentabilidade é preciso de gestão

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17/12/2012 20h33 – Atualizado em 17/12/2012 20h33

Sindicato Rural de Três Lagoas aposta na qualificação para pecuária retomar crescimento

Presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Pascoal Luiz Secco, incentiva a sustentabilidade e qualificação para potencializar resultados no campo

Ricardo Ojeda

Até pouco tempo atrás, Três Lagoas era considerada “Capital da Pecuária”, somando um rebanho de aproximadamente 1.200 mil cabeças. Alguns dos maiores e mais renomados pecuaristas possuem propriedades no município, onde inclusive um deles, presidiu a ABCZ – Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, entidade que congrega a nata dos criadores de zebuíno.

REBANHO ENCOLHIDO

Com a chegada das indústrias de celulose e conseqüente avanço das florestas, essa situação inverteu, reduzindo o plantel para algo em torno de 650 mil cabeças, conforme estimou o presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Pascoal Luiz Secco.

Segundo Secco, que há 1 ano assumiu a presidência do Sindicato Rural de Três Lagoas, se algo não for feito de imediato, a situação pode ficar mais delicada para o setor.

ALTERNATIVAS

A saída encontrada para fortalecer a produtividade é investir na gestão, sustentabilidade e qualificação. O dirigente sindical tem apostado nesse tripé para fortalecer a pecuária no município. Nesse sentido, para dar um “choque” na classe rural, o sindicato promoveu no fim do mês passado o “I Fórum de Sustentabilidade da Pecuária da Costa Leste do MS”, onde três palestrantes de renomes participaram do evento abordando assuntos relevantes para a categoria rural.

O presidente Famasul, Eduardo Corrêa Riedel, abriu a sessão de palestras, abordando a atuação das entidades de classe frente ao agronegócio e Maria Stella Lemos de Melo Saad, enfocou a visão de mercado, na cadeia da carne bovina à pecuária com sustentabilidade, e, por último, a advogada Samanta Pineda, especialista em Socioambiental e consultora jurídica para assuntos ambientais, debateu o novo Código Florestal Brasileiro.

Embora o convite tenha sido para todos os associados do Sindicato Rural de Três Lagoas, além de membros de sindicatos de outros municípios da região do Bolsão, o evento não contou com a presença maciça da classe. Os que participaram elogiaram o alto nível do debate, inclusive enaltecendo a atual gestão que vem apresentando proposta, que além de abordar temas sindicais, tem a preocupação de manter a classe informada.

RETOMANDO O CRESCIMENTO

Na opinião do Pascoal, chegou à hora da pecuária retomar o crescimento. Para isso é preciso adotar novas táticas e técnicas para atingir um nível de eficiência para produzir alimentos.

A preocupação do sindicalista tem fundamento. De acordo com projeções da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o mundo terá que produzir mais 35 milhões de toneladas de carne bovina (são 57 milhões hoje) nos próximos 30 anos a fim de suprir a necessidade da população mundial, que de acordo com as estatísticas, chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050.

Para atender essas demandas, segundo disse o atual presidente da ABCZ, Eduardo (Duda) Biagi, em entrevista ao Globo Rural, dois países tem condições de aumentar o rebanho e a produção de carne: Brasil e Índia.

O que Pascoal quer dizer novas táticas e técnicas refere-se à degradação das pastagens, que avança cerca de 6% a 10 por cento ao ano. Essa situação deixa a atividade menos competitiva, diminuindo a rentabilidade.
Para reverter esse quadro, Luiz Pascoal busca parcerias com entidades ligadas ao setor que promove cursos no sentido de qualificar o pecuarista, como também, o trabalhador rural. Embora essas parcerias teve início recentemente, os resultados tem sido amplamente satisfatórios.

FALTA DE INCENTIVOS

Outra situação que preocupar o setor é a falta de incentivos governamentais, que não olha com carinho para o setor. Além disso, o avanço das áreas plantadas de florestas, já abocanhou mais de 15% da área rural de Três Lagoas. Sem incentivos do governo, aliada baixa rentabilidade da pecuária de corte e pastos degradados tem sido um entrave para o crescimento da pecuária, situação que obriga o produtor rural arrendar a propriedade para as indústrias de celulose.

A intenção de Luiz Pascoal Secco é inverter essa situação. Para isso busca a conscientização de seus associados, incentivando a investirem na gestão administrativa e qualificação de seus funcionários. “Se o produtor não investir em tecnologia, procurando adequar-se às novas técnicas, terá cada vez mais sua margem de rentabilidade reduzida”, enfatizou Pascoal.

ATUAÇÃO

A atuação de Pascoal não fica só nas palavras, na sua gestão, o sindicato tem feito a sua parte, promovendo palestras, cursos e fóruns, destinados aos pecuaristas e, ao trabalhador rural.

Sobre o avanço das florestas plantadas nas áreas dominadas pela pecuária ele vê como um cenário positivo. “Devemos nos aprimorar com a mudança da matriz econômica do setor”. O dirigente sindical diz que vê com muita naturalidade o surgimento das indústrias de celulose. “Temos que olhar o novo cenário de forma positiva. A parceria com as indústrias, que arrenda terras para plantio de florestas, tem que ser vista como mais uma alternativa de renda para produtor”, disse Pascoal.
Por outro lado, o representante dos produtores é da opinião que quanto mais houver diversificação na propriedade, haverá também mais rentabilidade.

MODELO DE GESTÃO E PRODUTIVIDADE

Pascoal acompanhou a reportagem do Perfil News até a sede da Fazenda São Matheus, que segundo ele, virou referencia de eficiência e produtividade em todo Bolsão. Há seis anos a propriedade obtém resultados impressionantes na integração; lavoura, pecuária e florestas.

É nessa nova matriz econômica que a atual diretoria do Sindicato Rural de Três Lagoas, aposta para retomar o crescimento do rebanho bovino no município e potencializar os lucros dos produtores.

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