18/12/2014 16h26 – Atualizado em 18/12/2014 16h26
A preocupação da prefeita de Três Lagoas, que vai ao Rio de Janeiro na próxima segunda, é com relação ao grande e grave problema social que o descumprimento das obrigações trabalhistas da UFN3 acarretou: centenas de operários, demitidos, estão sem condições sequer de voltarem aos estados de origem
Léo Lima e Ricardo Ojeda
Preocupada com a situação grave que se transformou o calote aplicado pelas empresas que comandavam o Consórcio UFN3, contratadas pela Petrobras para edificar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) em Três Lagoas, deixando milhares de trabalhadores, demitidos, sem receber os valores por rescisões contratuais, a prefeita Marcia Moura vem buscando respostas às necessidades financeiras e de hospedagem e alimentação dos cerca de 2.100 operários que ainda estão na cidade (no alojamento e em hotéis e casas alugadas). “Eles não tem dinheiro para nada; sequer para voltar para suas casas”, enfatizou.
Em várias ocasiões, Marcia Moura esteve à frente de reuniões com representantes das empresas que compõem o Consórcio – a Galvão Engenharia e Sinopec Petroleum do Brasil – e da Justiça para encontrar soluções ao problema. Agora, na manhã de hoje (18), durante entrevista exclusiva ao Perfil News, a prefeita confidenciou que na próxima segunda-feira (22) vai ao Rio de Janeiro – inclusive, com evento já agendado – para uma reunião com a diretoria da Petrobrás, onde a pauta principal será, justamente, solucionar a questão.
“Não quero saber quem deve, se a Galvão, a Sinopec ou a Petrobras; quero saber quem vai pagar os direitos dos trabalhadores. Eles trabalharam, realizaram seus serviços e merecem receber o dinheiro que lhes é devido”, colocou a prefeita. O diálogo com a Petrobras, segundo Marcia, será nesse sentido: resolver o problema do pagamento do dinheiro devido aos trabalhadores. “São cerca de R% 50 milhões, que o juiz Marcelo Baruffi, da Vara do Trabalho de Três Lagoas, me adiantou, depois de receber documentos comprobatórios dessa conta do pessoal do sindicato (Sintiespav)”, explicou Marcia.
FORNECEDORES
A prefeita também comentou a respeito da abrangência maior do calote. O Consórcio UFN3 contratou serviços e equipamentos de dezenas de empresas, cuja dívida, somente em Três Lagoas, soma cerca de R$ 9 milhões. No estado, alcança aproximadamente R$ 40 milhões.
“Quero saber do pessoal de Três Lagoas. Muitos empresários estão à beira da falência por causa do não recebimento pelos serviços prestados; outros fecharam as portas. Daqui são mais de 60 empresas atingidas pela insolvência do Consórcio”, revelou Marcia.
Para ela, “quem está por trás do Consórcio é a Petrobrás”. Então, em sua visão, como co-responsável, a estatal deve ser responsabilizada pela dívida e sua conseqüente quitação.
Ao final, tornando à situação crítica dos operários demitidos que não receberam seus pagamentos, Marcia Moura resume: “um barril de pólvora, prestes a explodir”.
Ela quer a garantia também de que aqueles demitidos tenham assegurados os alojamentos e alimentação.