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Negligência em hospital de Castilho pode ter causado morte de bebê de 7 meses

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31/10/2017 15h38

Prefeitura emitiu nota de esclarecimento, porém a mãe da criança desmente e conta sua versão sobre morte da bebê. Ela alega que sua filha não recebeu cuidados necessários e acusa o Hospital de Castilho de negligência. Prefeitura diz que abrirá sindicância para apurar os fatos.

Ygor Andrade

Uma triste ocorrência na cidade de Castilho (SP) está causando grande comoção na sociedade local. Uma criança de apenas sete meses foi internada no hospital da cidade. Porém após alguns dias, sem receber tratamento adequado, o estado de saúde da criança piorou e teve que ser levada de UTI Móvel para Araçatuba.

De acordo com a mãe do bebê, Danúbia Souza, sua filha chegou com vida no hospital em Araçatuba, porém veio a falecer (algum tempo depois). Ela disse ainda que a menina foi levada diretamente de Castilho para Araçatuba e não parou em nenhuma outra cidade, como divulgou em nota a prefeitura de Castilho.

Diante da dramática situação dessa ocorrência, a reportagem do Perfil News ouviu com exclusividade a mãe da bebê, que ainda muito abatida revelou todos os procedimentos ineficazes adotados pelo hospital, que levou sua filha a óbito.

OS FATOS

A quarta-feira, 24 de outubro de 2017, ficará marcada para sempre na memória de uma família castilhense, que perdeu uma criança de sete meses de vida. A pequena Giovana Souza Marin morreu e as causas ainda não foram reveladas. A mãe, Danúbia Souza, por sua vez, desmentiu informações que estavam circulando nas redes sociais e também no famoso “boca a boca”. Com exclusividade ao Perfil News, Danúbia e o esposo Marcio contaram detalhes dos dias em que a angústia era o único sentimento capaz de descrever o que estava acontecendo.

OS SINTOMAS

A mãe relata que, no sábado, a menina começou a ter febre e vômito. “Levei ela até o hospital por conta do vômito. Enquanto ela só teve febre, pensei que poderiam ser os dentinhos, mas depois me preocupei. Lá, ela foi medicada e liberada; receitaram o Dramin e fomos para casa. No domingo, ela estava bem, mas bastante sonolenta, mas até aí, nós achávamos que era normal por que o remédio prescrito tem esse efeito”, disse ela.

Na segunda, dia 23, a menina continuava sonolenta o que deixou a família preocupada. “Levei ela ao Pronto Socorro. Isso era de manhã, mas ela não tinha nada além da sonolência”, enfatiza a mãe. Ainda na segunda-feira à tarde, a menina havia sido internada.

QUADRO PREOCUPANTE

Na terça pela manhã, Giovana começou a apresentar uma piora. Às nove da manhã, segundo a mãe, a bebê, além da sonolência, passou a ficar muito ofegante. “Ela começou a mudar. Via que ela não estava bem e até mandei foto para o meu esposo”, diz.

Por volta de 11h, ela passou por exames de Raios-X e de sangue, mas até às 14h, segundo a mãe, apenas o resultado do Raios-X foi entregue ao médico. “Falaram-me que ela tinha umas manchinhas no pulmão, ou algo do tipo. Eu não sabia o que minha filha tinha. Ela estava com dificuldades para respirar, gravei vídeo, mandei pro meu esposo. Estava sempre mandando notícias para ele”.

“MINHA FILHA VAI MORRER E NINGUÉM FAZ NADA!”

Danúbia comenta que, sua filha Giovana, sofria bastante para respirar. A menina, de acordo com ela, tinha dores e nenhum enfermeiro atendia seus pedidos. “Eles ficavam passando de um lado para outro, todo o corredor, todos os pacientes e acompanhantes ouviam minha filha gemendo e ninguém fazia nada”, declara ela, lembrando: “Foi quando entrei em desespero e disse queria tirá-la daquele hospital. Eu não sabia o que ela tinha”. Pedi para que dessem algum medicamento, mas disseram que não era hora, e que tinham que esperar o efeito do outro remédio passar. Enquanto isso ela gemia de dor e respirava com dificuldade: eu gritei, “Minha filha vai morrer aqui, e ninguém faz nada”, disse emocionada.

UTI MÓVEL

O tempo foi passando, segundo relatou a mãe, e após a troca de turno, uma enfermeira se prontificou a ajudar. “Ela foi à única que teve a iniciativa de pedir para que chamassem a UTI Móvel. Ela viu que minha filha não estava bem, ela estava inchando. Um dos lados do corpo dela estava todo inchado”, enfatizou ela, afirmando que o médico olhou o inchaço depois de alguns minutos, e disse que provavelmente seriam gases e a medicou.

A mãe ainda chegou a comentar que uma enfermeira teria dito que “se vocês tivessem plano de saúde, levaríamos para Andradina, mas como não tem, vamos tentar transferir para outro lugar”.

OUTRO CASO NO MESMO DIA

Nesse meio tempo, Danúbia chegou a comentar que uma criança com quadro de pneumonia confirmado, estava no quarto ao lado de sua filha, foi medicada e liberada. “Esse descaso, essa negligência por parte do hospital não é de casos isolados. Não é de hoje. Eu vi isso acontecer com a minha filha e com essa criança”, detalhou a mãe.

O DESESPERO

“Eu não aguentei. Saí com a minha filha, no colo, no corredor do hospital e pedindo socorro, porque a minha filha já estava num estado difícil e ninguém fazia nada. Tinham tirado o soro dela. Pedi para colocá-la oxigênio nela, e eles não faziam nada. Eles ficavam de um lado pra outro e não faziam nada. Eles ficavam falando que poderia ser pneumonia, outra hora falavam que poderia ser dengue. Eles não sabiam o que ela tinha, e nada faziam”.

EXTREMAMENTE GRAVE

Somente por volta das 22h, segundo Danúbia, é que a autorização para o pedido da UTI Móvel chegou. “A ambulância chegou em Castilho meia noite e meia. Eles fizeram uns procedimentos, entubaram ela, deixaram ela segura e depois, perto de uma e meia da manhã é que saímos do hospital. E quando a médica pediatra chegou, questionou todo mundo. Perguntou se haviam feito esse ou aquele outro procedimento e tudo que as enfermeiras diziam era que não, que não haviam feito” – No meio do caminho, a mãe de Giovana disse ter ouvido a médica ligando para o Hospital de Araçatuba, e informar que o caso extremamente grave. “Nós nunca entramos em Mirandópolis como estão dizendo. Minha filha não morreu pelo caminho. Eu segurei as mãos dela, eu olhei para ela. Essa informação da prefeitura não é verdade. Esse hospital, esses enfermeiros e essa diretoria, foram negligentes. Não fizeram nada!”, declarou a mãe.

A DOR

“É uma dor que não tem reparação. Não tem volta. Nada vai trazer minha bebê para casa comigo. Até quando nossas crianças vão morrer nesse lugar? Não é a primeira vez, mas eu quero que minha filha seja a última, por que a dor que estou sentindo, eu não desejo que ninguém saiba como é!”.

A PREFEITURA

Como uma das responsáveis por manter o Hospital e Maternidade José Fortuna, a prefeitura de Castilho emitiu uma nota de pesares após a morte. De acordo com a publicação “a causa da morte ainda não foi revelada. Suspeita-se de uma pneumonia”. A nota também informava que a menina havia sido internada na segunda-feira, dia 23, às 8h30 e que o caso já era grave. A mãe questiona o porquê da demora no atendimento, se o caso era nitidamente grave.

Em contato com a prefeitura de Castilho, o Perfil News perguntou por que as informações divergiam tanto e o que seria feito para apurar o caso. Por e-mail, enfatizado não ser uma resposta oficial, a Prefeitura, por meio de seu assessor de Comunicação, informou que uma sindicância será aberta para verificar o que aconteceu de fato, e que a nota emitida anteriormente foi elaborada com base nas informações repassadas pelo próprio Hospital à Comissão de Monitoramento e Avaliação das Parcerias com o Terceiro Setor.

INFORMAÇÕES DIVERGENTES

Diante das divergências de informação entre o que a mãe diz e o que o hospital publicou, a prefeita Fátima Nascimento determi nou abertura de uma portaria para apurar por meio de sindicância o que realmente aconteceu, informa o e-mail que completa; “A Secretaria Municipal de Saúde também já solicitou um relatório de trajeto da UTI Móvel para esclarecer se houve ou não parada em Mirandópolis, uma vez que essa informação também foi passada pelo hospital e depois negada pela mãe”, terminou a nota.

Por telefone, o Perfil News foi informado que a sindicância, ainda não aberta, terá o prazo máximo de 30 dias para apresentar algum laudo, mas que o mesmo período de tempo poderá ser acrescido caso necessário para melhor investigação.







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