18/05/2018 10h02
Conheça as histórias das crianças que foram torturadas, estupradas, assassinadas e cujos assassinos nunca pagaram por seus crimes porque tinham dinheiro e influência
Gisele Berto
Você sabe por que o dia 18 de maio foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes?
Porque foi exatamente nesta data que, em 1973, Araceli Cabrera Crespo, que tinha oito anos na época, desapareceu da escola onde estudava para nunca mais ser vista com vida.
A menina capixaba foi espancada, torturada, estuprada, drogada e morta numa orgia de drogas e sexo. Seu rosto e seu corpo foram desfigurados com ácido. Em todo o seu corpo havia marcas de mordidas. Os seios foram arrancados a dentadas. Seis dias depois, o corpo foi encontrado num terreno baldio, próximo ao centro da cidade de Vitória, Espírito Santo.
O jornalista José Louzeiro escreveu um livro-reportagem sobre o caso. “Araceli, Meu Amor” foi proibido pela censura vigente na época porque, ao esmiuçar o crime, Louzeiro chegou à conclusão que os culpados eram membros da alta sociedade da cidade. Diante dos fatos apresentados pela denúncia do promotor Wolmar Bermudes, a Justiça chegou aos três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal – todos membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo. Os acusados foram julgados e absolvidos e o processo foi arquivado pela Justiça.
Quatro meses depois da morte de Araceli, outro crime brutal aconteceu em Brasília: o assassinato da menina Ana Lídia, de sete anos de idade. Em tudo semelhante ao brutal homicídio de Vitória, a morte no Planalto Central teria sido cometida por outra gangue de filhos da elite política brasileira. A garota brasiliense de sete anos foi estuprada e dilacerada numa orgia de drogas pesadas.
Assim como Araceli, Ana Lídia foi vítima de “criminosos anônimos” que todos sabiam ser filhos de poderosos, que nunca chegaram ao banco dos réus.
