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domingo, 16 de junho de 2024

Fibria vê alavancagem voltar ao nível de 2015

26/07/2018 08h21

Redação

Nos próximos meses, a forte geração de caixa, na esteira de preços mais altos da celulose, maior volume de vendas e real desvalorizado, deve acelerar a desalavancagem financeira da Fibria, que em junho atingiu o nível mais baixo desde 2015. Prestes a concluir investimentos de pouco mais de R$ 7 bilhões na nova linha de produção de Três Lagoas (MS), em operação desde agosto, a companhia já voltou ao patamar de alavancagem pré-investimento, com dívida líquida equivalente a 1,58 vez o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) anualizado em dólar. Maior produtora mundial de celulose de eucalipto, a Fibria está em processo de aquisição pela Suzano Papel e Celulose, em operação que deve ser finalizada entre o fim deste ano e o início de 2019.

De acordo com o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Guilherme Cavalcanti, a tendência é que a queda mais intensa no terceiro e quatro trimestres, uma vez que os preços da celulose estão acima do verificado no ano passado e os volumes vendidos também serão maiores nessa comparação. “Isso quer dizer que sai o Ebitda de trimestres com câmbio e preços inferiores e entram Ebitdas mais robustos nessa relação”, explicou.

Questionado sobre o destino da forte geração de caixa, Cavalcanti disse que esses recursos não irão para investimento, já que o valor remanescente do projeto Horizonte 2, US$ 63 milhões, será coberto pelo saldo de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), de US$ 94 milhões. E não há decisão relativa a eventual pagamento de dividendo extraordinário. “Qualquer dividendo agora é descontado do preço a ser pago pela Suzano”, observou.

Apesar do forte desempenho operacional, com recorde de Ebitda e fluxo de caixa livre, a Fibria encerrou o trimestre com prejuízo líquido atribuído aos sócios da companhia de R$ 212,3 milhões, queda de 19%. O resultado reflete elevadas despesas financeiras líquidas, influenciadas pelo efeito negativo da desvalorização de 16% do real frente ao dólar na dívida expressa em moeda estrangeira.

A Fibria teve resultado financeiro negativo de R$ 2,239 bilhões, quase três vezes acima do valor registrado um ano antes. A variação cambial proveniente da dívida teve impacto de R$ 1,75 bilhão no resultado financeiro e a marcação a mercado de derivativos teve variação negativa de R$ 472 milhões.

De abril a junho, a companhia teve receita líquida de R$ 4,72 bilhões, 70% acima do registrado um ano antes, com o forte aumento nos preços da celulose, o impacto positivo do dólar valorizado nas exportações e o crescimento no volume vendido. O Ebitda ajustado subiu 133%, a R$ 2,499 bilhões, com margem Ebitda recorde de 58%, beneficiado também pela evolução do custo caixa de produção. O fluxo de caixa livre ficou em R$ 1,685 bilhão no trimestre, alta de 551%, enquanto o retorno sobre o capital investido (ROIC) saltou de 4% há um ano para 15,3%.

Impulsionada pela segunda linha da fábrica de Três Lagoas, a produção de celulose totalizou 1,6 milhão de toneladas, com expansão de 20% na comparação anual. A greve dos caminhoneiros, em maio, reduziu em 67 mil toneladas a produção e em 100 mil toneladas o volume vendido.

De acordo com o diretor comercial e de logística internacional da Fibria, Henri Philippe Van Keer, a tendência é de demanda “muito boa” no terceiro e quarto trimestres. “Não tem nenhuma razão para o mercado reduzir a demanda”, disse o executivo. “Sem novas capacidades chegando, os preços também devem performar bem”.

Conforme o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, a demanda permanece apertada nos diferentes mercados e a crise de oferta recente “só acirrou a disputa por garantia de celulose”. “Os preços estão estáveis neste mês e não vemos deterioração para agosto, até porque, com o impacto no abastecimento e o sistema apertado, os clientes estão mais preocupados em garantir produto”, afirmou. Ao mesmo tempo, acrescentou, não há “visibilidade de aumento de preços neste momento”.

Valor Econômico

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