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Multicampeã, primeira três-lagoense faixa-preta de karatê começou a treinar aos 30 anos

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09/08/2018 10h00

Tetracampeã estadual e bi-vice nacional, Lilian fala como o esporte mudou sua vida e como é possível ser campeã sem começar a treinar desde criança

Gisele Berto

Quando o filho pediu para fazer karatê, os olhos dela brilharam. Era o que ela sempre quis fazer – e não fez quando criança por uma série de motivos. “As pessoas falavam que não era coisa de menina”, diz a campeã, de olhos baixos, puxando pela memória os fatos da infância.

Então, graças ao filho, a três-lagoense Lilian Queiroz de Oliveira pode, aos 30 anos, dedicar-se à paixão de menina: as artes marciais. E mostrar para todo mundo que nunca é tarde para começar se houver dedicação.

“Meu filho começou a treinar e, no mês seguinte, eu já comecei também”, lembra, rindo. “Não via a hora”.
A moça séria, de sorriso contido, denuncia a disciplina rígida dos praticantes da arte oriental. Aos poucos, vai lembrando as conquistas e o sorriso começa a aparecer.

Quantas medalhas, Lilian? “Xi, difícil, hein! Não lembro, não”. Só as que ela carrega consigo poderiam ser contabilizadas em peso, não em unidades. São muitas. Fora as que ela deixou em casa, penduradas.

Estão lá os incontáveis campeonatos regionais, os estaduais (que ela venceu quatro anos seguidos), as duas medalhas de vice-brasileiro, todos na categoria Master. Já está pré-classificada para a final do Campeonato Brasileiro que acontecerá em outubro, em Contagem/MG.

Lilian é a primeira carateca mulher faixa-preta de Três Lagoas. “Meu sensei se orgulha muito disso”. Mas é para se orgulhar, mesmo, menina, eu digo. Ela dá um sorriso pequenininho.

BRAÇO FRATURADO E MEDALHA NO PEITO

Por trás do porte atlético e da fala baixa reside uma guerreira. O primeiro campeonato estadual ela venceu com o braço quebrado. “Aconteceu o golpe na última luta e meu braço quebrou. Acharam que eu não continuaria. Mas terminei a luta e venci”, relembra.

Depois dessa luta, inclusive, seu filho – que não treina mais com a mãe – resolveu não assistir mais as lutas de Lilian. “Ele estava presente e a cena o impressionou. Agora não vai mais ver”.

Publicitária por formação, ela já morou em Campo Grande, voltou para Três Lagoas (“não saio daqui por nada”) e, agora, dá aulas de karatê em Aparecida do Taboado. Também é árbitra estadual de karatê.

Se o esporte mudou sua vida? “Claro, mudou muito. Ganhei muito mais paciência. Meus reflexos hoje são muito melhores. Não apenas para defesa pessoal, que eu considero extremamente importante. Mas também para outras tarefas diárias. É uma arte marcial e, como tal, precisa saber usar, não é para sair agredindo ninguém. É para sua defesa e para seu condicionamento físico e mental”, explica.

OPEN DE KARATÊ EM TRÊS LAGOAS

Lilian tem mais algumas lutas pela frente. Uma delas é ajudar a popularizar o esporte em Três Lagoas. Por alguma razão que ela não consegue explicar, são poucos os praticantes de karatê na cidade. “Tem bastante praticante de jiu jitsu, judô, tae kwon do. Mas karatê tem pouco. Acho que as pessoas pensam que é mais ‘dança’ por conta dos movimentos, que não é tão incisivo, e escolhem um esporte que pareça mais ‘duro’”.

Para que as pessoas conheçam melhor o karatê, Três Lagoas vai sediar, pela primeira vez, um Aberto de Karatê. O 1º Open Sensei Takashi Shigueeda é um campeonato de nível nacional, que consta no calendário da Confederação Brasileira de Karatê, e será realizado no próximo dia 8 de setembro no Ginásio Municipal de Esportes Cacilda Acre Rocha, a partir das 8h da manhã com entrada franca, com transmissão ao vivo pelo canal da AZK no Youtube.

ATÉ ONDE ELA VAI

Faixa preta de 1º dan, Lilian não quer parar tão cedo. Além de todos os campeonatos que disputa e que participa como árbitra, duas vezes por semana ela treina na Associação Zanon de Karatê, em Três Lagoas. Também quer ajudar a AZK a conquistar adeptos em mais cinco municípios: Brasilândia, Selvíria, Itapura, Paranaíba e Inocência, divulgando o karatê e trazendo cada vez mais gente para luta.

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