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Por vitória em MS, equipes usam tecnologia aeronáutica e ações militares

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15/08/2018 14h46

Se disputar uma corrida em alto nível é também viver no limite da capacidade mental e física, ninguém chega ao seu ápice sozinho

Redação

Não é à toa que os primeiros macacões de corrida tiveram como ponto de partida os utilizados pelos astronautas da Nasa. Ou que os carros de competição tenham entre seus conceitos básicos elementos aerodinâmicos retirados da indústria da aviação. Ou ainda que os melhores competidores da atualidade façam treinamentos específicos para conseguir o foco mental e os reflexos dos pilotos de avião de caça e o preparo físico dos melhores soldados de infantaria. Essas são características e filosofia comuns à elite do grid na Stock Car, categoria que disputa neste domingo em Campo Grande sua etapa mais importante: a Corrida do Milhão.

Se disputar uma corrida em alto nível é também viver no limite da capacidade mental e física, ninguém chega ao seu ápice sozinho. Por isso, os pilotos contam com equipamentos e assessores profissionais que os auxiliam a ser mais eficientes – mas que também aumentam as variáveis e a complexidade do ambiente das corridas. Essa é uma realidade que começa a ser enfrentada por Bruno Baptista, 21 anos, o mais jovem competidor da Stock Car. Neste domingo ele vai alinhar ao lado de grandes nomes do esporte nacional e internacional, vários deles com passagem pela Fórmula 1. É o caso, por exemplo, de Rubens Barrichello – que já estava há quatro anos na categoria máxima quando Bruno nasceu, em 1997.

Em suas viagens, Bruno é assistido por Vanderlei Pereira, especialista em condicionamento físico e mental de pilotos profissionais. Entre as estrelas que já estiveram a seus cuidados estão o próprio Barrichello, Felipe Massa, Cacá Bueno e o campeão mundial de Fórmula E, Lucas Di Grassi – outro que tentará ganhar em Campo Grande pela primeira vez na Stock.

Inspiração militar

“Um dos principais desafios do piloto é ser um atleta e também um líder. Ele precisa comandar a equipe, ajudar no desenvolvimento técnico. Para isso são precisos corpo e mente fortes”, diz Pereira. Nos anos 90, o exército britânico estudou as estratégias utilizadas pela F-1 em seus pit stops, visando adaptá-las a ações militares que exigem rapidez. “Uma equipe faz ações coordenadas como um pelotão de combate”, diz o preparador. “Os membros desses times têm como foco um líder, que no caso é o piloto”, completa.

Dentro do box Bruno conta com outros quatro profissionais que são chave para seu sucesso. Três deles são engenheiros responsáveis pelos ajustes e desenvolvimento do carro: o uruguaio Jorge Salmini e os brasileiros Marcel Campos e Lucas Kira. “Entre engenheiros e pilotos tem que acontecer uma empatia imediata”, diz Baptista. “É importante que haja um vínculo, amizade, para que o trabalho possa fluir. Nós falamos constantemente sobre os problemas e desenvolvimentos do carro. Então, eles são peças importantes e têm que estar muito sintonizados comigo”, observa.

Outra figura importante é o experiente Nonô Figueiredo, ex-piloto da Stock Car e campeão em várias categorias. Figueiredo é o chefe de equipe, mas por sua vivência também acaba atuando como coach na orientação de Bruno em diversos aspectos, desde a interpretação das reações do carro até assuntos mais prosaicos, como o controle da agenda nos finais de semana de competição.

“A relação com o chefe da equipe é fundamentada na confiança. Afinal, eu tenho que confiar na experiência dele em todas as situações que estou vivendo somente agora”, diz o mais jovem piloto da Stock Car. “E o Nonô tem sido perfeito nessa função. Ele tem me ajudado muito”.

Envolto em tecnologia

Os equipamentos que cercam um piloto de Stock Car empregam tecnologia cara e desenvolvida ao longo de décadas. O capacete, por exemplo, é um dos itens de segurança pessoal mais antigos do automobilismo. Na Fórmula 1, eles datam de 1953. Apesar da grande evolução, danos na cabeça e pescoço ainda são as maiores preocupações dos médicos nos acidentes em corrida de automóvel. Para minimizar riscos, os capacetes mais modernos devem ser muito leves e resistentes. Pesando 1,250kg pelas normas da FIA, em suas várias camadas de material eles têm como principal elemento construtivo a fibra de carbono envolta por substâncias antichama, como fibras de aramida.

Formado por um conjunto de três a quatro camadas de tecido antichama sobrepostas, o macacão é apenas a peça visível de uma proteção vital para os competidores. Abaixo dele, eles usam um kit de roupas que cobrem desde a cabeça até os pés, formando uma segunda pele, também antichama. Outros equipamentos importantes são o sistema de comunicação com o box, o sistema de refrigeração dos macacões com circuito de água gelada e até o banco, que é produzido para encaixar firmemente o corpo do competidor. “Literalmente, você fica preso ao banco”, diz Bruno. “Mas tudo isso é importante, seja para te dar confiança para acelerar sem medo, seja para reduzir o cansaço ou o stress durante uma corrida”.

(*) Das Agências

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