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2018 está acabando e nenhuma vacina do calendário infantil atingiu a meta de cobertura

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14/11/2018 08h16

Na carteira de vacinação básica, constam 9 tipos de imunizações disponíveis na rede pública de saúde. A meta do Ministério da Saúde é cobrir pelo menos 95% de oito delas. Os resultados, no entanto, estão longe do ideal

Redação

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram baixos índices de vacinação infantil no ano de 2018. A queda, no entanto, não é vista como surpresa. Em 2017, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) já apontava a menor cobertura vacinal dos últimos 16 anos.

O que chama a atenção, no entanto, é que a baixa deste ano foi a mais acentuada dos últimos tempos. A BCG, por exemplo, que protege contra tuberculose e é a única do calendário de rotina das crianças com meta de 90%, fechou 2017 com 93,42% de cobertura. Neste ano, que se aproxima do fim, a taxa está em 75,97%. Para se ter ideia, de 2011 a 2015 ela permaneceu com índices de cobertura acima dos 105%. Em 2016 caiu para 95,55%. De lá para cá, só cai.

As vacinas que apresentam os piores números são a tetra viral (que previne doenças como rubéola, caxumba e catapora), com 53,52% até o momento; e a Hepatite A, com 57,13%. Há dois anos, elas apresentavam 79,04% e 71,58%, respectivamente.

Por que a vacinação caiu? 5 motivos

1: O próprio sucesso da vacina faz com que os pais pensem que as doenças não poderão atingir seus filhosAlgumas justificativas podem explicar o fato de os pais estarem deixando de levar seus filhos para tomar as vacinas. O primeiro deles é o que especialistas chamam de “percepção de risco”, ou seja: à medida que as doenças são erradicadas, a população acha que não precisa mais ser imunizada. “Muitos pais nunca viram doenças graves, como o sarampo e a poliomielite, exatamente porque elas deixaram de existir. Assim, a população começa a achar que essas doenças não são graves ou não têm importância”, lamenta Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

2: Profissionais de saúde precisam enfatizar a importância da vacinaçãoPara o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é fundamental que os profissionais da saúde batam firme na tecla da importância da vacinação. “Boa parte deles sequer viu uma pessoa com as doenças que, graças às vacinas, não existem mais. Isso os torna menos sensíveis e enfáticos ao recomendarem a imunização”, ressalta.

3: Horário de funcionamento dos postos de saúdeSegundo Kfouri, o horário de funcionamento dos postos também influencia na adesão ao programa de vacinação: “Os postos só funcionam de segunda à sexta, em horário comercial. Se os pais chegam ao posto de saúde e não encontram a vacina, não voltam. A maioria não pode faltar ao trabalho com frequência”, diz.

4: Logística na distribuição das vacinasSe, por um lado, as questões regulatórias visam a eficiência da vacina, por outro, elas prejudicam o abastecimento dos postos de saúde. “Com tantas exigências, acaba sendo um grande desafio entregar vacina de qualidade o tempo todo, em todos os lugares do Brasil”, diz Kfouri. Entra na questão da escassez o fato de que, como no país ainda não existe um sistema de agendamento, muitos lotes são abertos num dia e, sem ter a procura esperada, perecem no dia seguinte.

5: Crescimento dos movimentos antivacinaçãoApesar de não terem força suficiente para alterar as estatísticas no Brasil, não dá para negar que os movimentos antivacina estão crescendo. Segundo Kfouri, a pequena parcela da população que é contra a vacina, curiosamente, faz parte de classes sociais mais abastadas. “Geralmente, aderem à causa por questões religiosas, de modismo ou naturalismo. Há também quem acredite que adoecer é melhor do que se proteger da vacina”, diz.

Vacinar é a melhor soluçãoManter as vacinas do seu filho em dia continua sendo a única forma de garantir que problemas sérios, como sarampo, caxumba e rubéola, continuem no passado e não voltem a ser uma preocupação do presente, a exemplo do que aconteceu com a poliomielite, que estava erradicada há 30 anos, mas recentemente tornou a causar paralisia infantil na Venezuela.

(*) Revista Crescer

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