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sexta-feira, 17 de maio de 2024

ISI Biomassa se une a startup e desenvolve inseticida a base de plantas para combater mosca-branca em lavouras

A adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis passa por encontrar novas formas de cultivo. Muita pesquisa e estudos, no entanto, precedem práticas inovadoras. A parceria entre o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas, e a startup PRZ Ltda é um exemplo dessa estratégia. O projeto Nullifly é um trabalho inédito na busca de solução sustentável para o combate à mosca-branca sem a utilização de produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

Contemplado com recursos de R$ 950 mil da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com foco tecnológico na linha de bioeconomia florestal, a pesquisa tem como finalidade formular um novo inseticida nacional plant-based, ou seja, de biomassa vegetal, para o combate à mosca-branca em culturas anuais e em cultura amazônica perene.

Para o diretor do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, o projeto amplia a bagagem da instituição com as possibilidades da pesquisa, além de contar com parceiros de grande renome. “O ISI Biomassa adquiriu experiência e competência no desenvolvimento de bioinsumos agrícolas que são importantíssimos para reduzir a dependência de químicos que possam ser prejudiciais ao meio ambiente e a vida humana. Neste projeto específico, além da Embrapii, também contamos com o apoio do BNDES que é imprescindível para fortalecer a inovação no Brasil e o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira”.

Para Zildinei Panta Pereira, representante da PRZ, o ISI é o parceiro ideal para o desenvolvimento deste projeto, já que a empresa nasce justamente com a percepção do vasto potencial agrícola do Brasil e da constante necessidade de lidar com insetos e pragas não típicas de outras regiões do país. A PRZ tem sede em Recife com filial na cidade de Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.

“Isso nos desafia a buscar soluções que atendam às demandas da sociedade contemporânea, que busca sustentabilidade e respeito máximo ao meio ambiente. Esse é um sonho compartilhado não apenas pela sociedade, mas também pelos produtores  agrícolas, que têm um amor profundo pela sua terra, de onde obtêm seu sustento e que desejam preservar para as gerações futuras”, ressaltou Zildinei.

Menos problemas ambientais e mais saúde

De acordo com a pesquisadora do ISI Biomassa Rafaela de Oliveira Penha, o produto poderá ofertar uma solução possível de eliminar uma praga recorrente nessas culturas agronômicas de forma limpa e sustentável, favorecendo um dos setores de maior impacto econômico do país, a agricultura. Atualmente, a principal forma de controle de B. tabaci (mosca-branca) é a aplicação de inseticidas químicos sintéticos, sendo que o uso destes podem provocar diversos problemas ambientais e para a saúde humana.

“Inseticidas químicos tradicionais podem acarretar em impactos ambientais e atividade em organismos não-alvo, afetando a biodiversidade do ambiente em que é aplicado. Além disso, muitos deles são resistentes à degradação, sendo considerados persistentes. Isso faz com que os danos causados por esses compostos acabem sendo estendidos por um maior período de tempo”, explica a cientista.

A mosca-branca é um inseto sugador que se alimenta dos nutrientes de plantas, além de ser vetor de vírus fitopatogênicos. É um inseto que ataca diversas culturas e é listada como uma das pragas de maior risco fitossanitários do Brasil, sendo categorizada como de risco muito alto pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). No projeto Nullifly, o novo inseticida plant-based será produzido através de biomassa vegetal, ou seja, de origem sustentável e biodegradável.

Além disso, o aumento da resistência da B. tabaci traz um grande desafio para o desenvolvimento de novos inseticidas mais eficientes e com um custo competidor. Somente na soja, as perdas em produtividade podem chegar a 30% devido à mosca-branca, com custos de cerca de US$ 75/ha e perdas econômicas de mais de US$ 3 bilhões somente no Brasil, conforme artigo publicado pelo Journal of Economics Entomology, da Oxford Academy.

“Espera-se ao fim deste projeto se obter um novo inseticida plant-based, que será possível combater a mosca-branca, uma praga de alto impacto nas lavouras brasileiras, de uma forma sustentável e ambientalmente amigável”, afirma Rafaela.

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