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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Investigação apura morte de capivaras para venda de carne no RJ

A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando o aparecimento de quatro capivaras mortas a tiros na região das Lagoas de Jacarepaguá, zona Oeste da cidade, nos últimos 15 dias.

Segundo denúncias divulgadas pelo site CNN Brasil, os animais estão sendo abatidos para a venda da carne em feiras locais. “Agentes realizam diligências para identificar os envolvidos”, informou a Secretaria de Estado da Polícia Civil.

O biólogo Mário Moscatelli, que desenvolve projetos ambientais na região, destacou que a caça ilegal no sistema lagunar de Jacarepaguá é um problema recorrente. “Há períodos em que a situação se acalma, mas depois volta a se intensificar. As informações que temos, embora não confirmadas, indicam que os animais são caçados e a carne é vendida em feiras da Baixada de Jacarepaguá”, afirmou Moscatelli.

De acordo com o biólogo, os animais feridos agonizam e, muitas vezes, morrem sem serem retirados do local. “Nos últimos 15 dias, encontramos quatro capivaras mortas com perfurações de balas. Elas não morrem de imediato, a captura é difícil e acabam sucumbindo”, explicou.

Moscatelli ressaltou que a violência contra esses animais constitui crime ambiental, agravado pelo fato de que a carne não é adequada para consumo. “Além de ser proibida, a carne está contaminada por cianotoxinas, produzidas por cianobactérias devido à degradação do sistema lagunar. Mesmo que seja cozida, frita ou fervida, a toxina permanece na carne, e quem a consome se contamina”, alertou.

O biólogo explicou que essas toxinas são acumulativas e podem causar problemas graves ao longo do tempo. “A toxina se acumula em algum órgão e, eventualmente, provoca complicações mais sérias”, destacou.

Além da investigação da Polícia Civil, a Polícia Militar Ambiental também passou a atuar na área nos últimos dias. Moscatelli sugeriu que o trabalho dos órgãos ambientais deveria se concentrar na identificação de quem vende e compra a carne, e que uma gestão permanente é necessária. “Já venho pedindo isso há cerca de 20 anos”, afirmou.

Ele propõe a colaboração entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a Polícia Militar e outros órgãos para patrulhar as lagoas e evitar a caça ilegal. “Essas lagoas não podem ser vistas como terra de ninguém, onde os recursos naturais são explorados sem controle”, enfatizou.

O biólogo também destacou que os animais têm grande valor vivo para a região, com potencial para transformar Jacarepaguá em um importante polo de ecoturismo no Rio de Janeiro, comparável à Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele concluiu que o poder público precisa agir com firmeza para coibir a caça e preservar os recursos naturais, garantindo que o benefício econômico do ecoturismo supere qualquer vantagem da caça ilegal.

Denúncias semelhantes surgiram recentemente na mesma região, relatando a captura e abate de jacarés, também para venda de carne.

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