13/10/2005 07h51 – Atualizado em 13/10/2005 07h51
Terra
A necropsia encerrada hoje pela madrugada no corpo do legista Carlos Delmonte Printes, 55, encontrado sem vida em seu escritório ontem à tarde pelo filho Guilherme, na capital paulista, reforçou a convicção da Polícia Civil, que defende se tratar de morte por doença. Há cerca de dois meses, Printes foi acometido de forte gripe após a realização de um curso, a qual evoluiu para pneumonia e, depois, miocardite (inflamação do miocárdio). O perito foi um dos responsáveis pelos exames realizados no cadáver do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002, e seu laudo, na época, atestou que o político foi torturado antes de morrer. A versão desmentiu o inquérito policial de então, que defendeu se tratar de crime comum. Recentemente, o caso foi reaberto, em boa parte devido à pressão de parentes de Daniel. Para eles e o próprio Printes, há fortes indícios de execução sumária. Celso Daniel teria sido eliminado, dizem familiares, porque teria descoberto esquema de corrupção na prefeitura de Santo André. Embora conclusão total do exame no corpo do médico esteja prevista somente para os próximos dias, a análise preliminar não encontrou sinais de violência ou perfurações no cadáver. A morte inesperada levantou suspeitas de “queima de arquivo”, dada a posição discordante do especialista e ao fato de que, antes dele, outras seis pessoas envolvidas com o caso terem morrido em circunstâncias não esclarecidas. Guilherme, o filho do perito que encontrou o corpo, também acredita que a morte do pai foi uma fatalidade decorrente de problemas de saúde. Ouvido ontem pelo Jornal da Globo, ele descartou a hipótese de assassinato e negou que Printes estivesse recebendo ameaças de morte recentemente. O corpo do médico, atendendo a pedido do próprio, será cremado hoje. Ao mesmo tempo, a possibilidade de suicídio ainda não está totalmente descartada, embora tenha perdido a força. A tese surgiu pelo fato de Printes ter deixado com um de seus filhos uma carta manuscrita na última segunda-feira. A mesma contém orientações na hipótese de o perito morrer, como o pedido para que o corpo fosse cremado e não precisasse ser submetido a necropsia. O cadáver foi localizado ontem à tarde pelo filho Guilherme, no escritório do médico, na capital paulista, caído no chão, de cuecas, sem apresentar sinais de violência. O local também não aparentava indícios de luta ou arrombamento. Recentemente, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o perito apresentava sinais de depressão por conta da morte de um filho em acidente de trânsito e de grave enfermidade que vitimou outro.