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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Crise de energia tornou brasileiro mais consciente

06/10/2005 08h08 – Atualizado em 06/10/2005 08h08

Valor Econômico

Se a escalada dos preços do petróleo está levando os consumidores americanos – e até mesmo o presidente George W. Bush, para espanto dos ambientalistas – a se preocuparem agora com a eficiência energética dos eletrodomésticos que têm em casa, os brasileiros já passaram por isso durante a crise de energia elétrica, em 2001. O risco de um colapso no abastecimento e a obrigatoriedade de cortar a conta de luz em 20% fizeram com que os brasileiros se transformassem em um consumidor mais consciente e racional. O especialista Luiz Paulo Fávero, pesquisador do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), toma emprestado o termo “pedagogia do sofrimento”, criado pelo economista Celso Furtado, para explicar as mudanças nos hábitos de consumo. Segundo ele, as catástrofes – como foram as guerras na Europa e agora os atentados e furacões nos EUA – acordam as pessoas para os problemas e levam ao exercício da cidadania. Além das guerras, a escassez de recursos naturais nos países europeus explicam porque lá os consumidores são, de forma geral, mais conscientes do que nos Estados Unidos. No Brasil, o aprendizado de 2001 foi assimilado em grande parte pelos consumidores e pelas empresas, mas ainda há muito chão pela frente . Hoje, a propaganda feita nas lojas pelos fabricantes costuma trazer, por exemplo, informações sobre o consumo de energia. O próprio governo vem adotando medidas para estimular o uso mais racional. O Conpet – um programa de racionalização do uso de derivados do petróleo e gás do Ministério das Minas e Energia – lançou em agosto selo para os fogões, que informa para o consumidor quais são os produtos que menos utilizam gás. “Este é um fator que, embora não seja decisivo na aquisição de uma determinada marca, é levado em conta pelo consumidor”, afirma Antônio Madaleno, gerente de marketing da multinacional alemã Bosch/Siemens (BSH). A marca européia, que investe em produtos ambientalmente amigáveis, foi a primeira a adotar, por exemplo, um sistema de refrigeração desenvolvido pelo Greenpeace da Alemanha e que utiliza o gás isobutano. “A partir deste ano, 100% dos refrigeradores produzidos no Brasil serão ecológicos”, disse Madaleno. Hoje, apenas um dos seis modelos de geladeiras de duas portas fabricados pela marca alemã no país usa o sistema do Greenpeace. A empresa também só fabrica lavadoras de roupas com a porta frontal, que utilizam bem menos água que os produtos com porta de abertura superior. “As pessoas no Brasil ainda não acordaram para este problema”, afirma Madaleno. “A indústria tem um papel fundamental na conscientização”, acredita o economista do Provar.

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