Atualmente cerca de 300 trabalhadores atuam diretamente na construção do alojamento
Por: Nathalia Santos
Trabalhadores da empresa Opus Engenharia, responsável pela construção de um grande alojamento do Projeto Sucuriú da Arauco às margens da MS-320, cruzaram os braços nesta quarta-feira (4) em protesto contra a falta de garantias trabalhistas. Eles exigem serem representados pelo sindicato SINTIESPAV-MS, com sede em Três Lagoas e base atuante em Inocência.
Atualmente cerca de aproximadamente 3.500 trabalhadores atuam no projeto, número que deve saltar para até 14 mil no pico das obras. Para abrigar esse contingente, está sendo construído um alojamento com capacidade ampliada, que emprega atualmente cerca de 300 trabalhadores diretamente na construção.
PROTESTO E PARALIZAÇÃO
O movimento começou após denúncias de que os trabalhadores da Opus não estavam recebendo os mesmos direitos que outros colaboradores do projeto, como as chamadas “baixadas”, as viagens pagas pela empresa para que os trabalhadores retornem às suas casas a cada 60 dias, além da participação nos lucros (PLR), horas extras e salários compatíveis.
Esses benefícios estão previstos em acordos firmados pelo SINTIESPAV-MS com outras empresas do projeto da Arauco, mas os trabalhadores da Opus estavam sendo representados pela FETRICOM, uma federação com sede em Campo Grande. Segundo os trabalhadores, a federação não pode legalmente representá-los diretamente, pois sua função é defender os sindicatos, e não agir em nome dos operários.
APOIO DO SINTIESPAV-MS
A insatisfação levou os trabalhadores a paralisar as atividades e exigir a representação do SINTIESPAV-MS. O presidente do sindicato, Nivaldo da Silva Moreira, foi ao local, situado a cerca de 4 quilômetros do centro de Inocência, e conversou com os operários. Em assembleia gravada em vídeo, os trabalhadores votaram de forma unânime pela substituição da FETRICOM pelo SINTIESPAV-MS nas negociações.
“Fomos acionados pelos trabalhadores da Opus, que estão construindo o alojamento da Arauco aqui na MS-320. A insatisfação deles é generalizada. Não tinham baixada, nem PLR, nem horas extras como prevê nosso acordo. Essa tal federação estava aqui, sem poder legal, assinando acordos abaixo do aceitável”, disse Nivaldo à reportagem do Perfil News.
O sindicalista reforçou que o alojamento faz parte direta da estrutura do projeto Arauco, e que o SINTIESPAV-MS já representa o restante do empreendimento. “É justo e legítimo que representemos também os trabalhadores que constroem esse alojamento”, completou.
NEGOCIAÇÕES
Após a reunião com os trabalhadores, o sindicato iniciou conversas com a direção da Opus para formalizar a nova representação sindical. Por enquanto, os trabalhadores permanecem nos canteiros, mas seguem paralisados à espera de um acordo.
As negociações devem continuar na quinta-feira (5). Os operários afirmam que só retomarão as atividades após o reconhecimento oficial do SINTIESPAV-MS como representante legítimo.
