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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Você não precisa ser forte o tempo todo

A ilusão da força constante e o impacto silencioso de carregar o mundo nas costas.

(*) Por: Enrico Pierro

Tem momentos em que você realmente segura tudo. Se mantém de pé, sustenta a casa, responde mensagens, resolve problemas, disfarça o medo, disfarça o cansaço, disfarça o peso. Parece que você nasceu com esse papel colado na testa. Alguém que aguenta. Alguém que entende. Alguém que não quebra. Até que quebra. E aí ninguém entende.

O mundo acostuma com a sua força. Quanto mais você entrega, mais te cobram. Quanto mais você segura, mais te sobrecarregam. Parece que ser forte é uma sentença. E o pior é que você mesmo acredita nisso. Começa a achar que não pode vacilar, que não pode chorar, que não pode demonstrar fraqueza, que não pode pedir ajuda. Você começa a confundir força com obrigação. Começa a funcionar no automático. E aí vem o medo de parar. Porque se parar, tudo desaba. E você não sabe mais separar onde termina a responsabilidade e onde começa o abandono de si.

Mas a verdade é que ninguém aguenta o tempo todo. Ninguém nasceu para suportar tudo. Você também sente. Também erra. Também falha. E fingir o contrário só adia o colapso. Porque fingir força não é ser forte. É se isolar. É construir uma armadura que não te protege, só te endurece. E o que endurece demais, uma hora estilhaça.

Ser forte o tempo todo é um mito. É um mito cruel. Não existe esse personagem. O que existe são pessoas cansadas tentando manter uma imagem. E essa imagem, no fundo, não serve para nada além de te afastar dos outros e de si. Você pode ser referência, pode ser apoio, pode ser exemplo. Mas antes de tudo, você é humano. E isso significa que tem dias em que não vai dar. Em que você vai precisar sumir, respirar, chorar, desabar. E tudo bem.

Pedir ajuda não diminui você. Admitir que está difícil não tira seu valor. Pausar não apaga tudo que você já fez. E se alguém achar que sim, o problema é dessa pessoa — não seu. Você não é menos por não aguentar. Você é real. E ser real, nesse mundo de gente fingindo o tempo inteiro, é um ato de coragem.

Então, não se cobre mais do que a vida já cobra. Você tem o direito de não ser o pilar todos os dias. Tem o direito de se priorizar, de dizer que não dá, de não estar disponível, de não querer conversar. Tem o direito de falhar e de se refazer. E se alguém não entende isso, talvez não mereça o seu melhor.

Porque a força que importa mesmo não é a que esconde a dor. É a que reconhece a dor e ainda assim escolhe continuar. Mas no seu tempo. No seu ritmo. Sem carregar o mundo inteiro nas costas como se isso fosse virtude. Não é. É abandono. E você não veio até aqui para se perder de novo.

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