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quinta-feira, 9 de maio de 2024

Cultura: O Bem e o Mal lutam em Zastrozzi

26/09/2003 08h57 – Atualizado em 26/09/2003 08h57

A peça, dirigida por Selton Mello e Daniel Herz, é apresentada em comemoração a criação do Estado a partir do dia 3 de outubro

Na peça Zastrozzi, que estará em cartaz em Campo Grande, nos dias 3, 4 e 5 de outubro, no Teatro Aracy Balabanian, não deve faltar lutas de esgrima, misticismo, crimes em série, um vilão irresistível e muito humor. Todos esses ingredientes contribuem para que a eterna luta entre o bem e o mal tenha uma pitada de ação e graça para os espectadores. A peça é trazida a Campo Grande (MS) pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, com o apoio da Brasil Telecom, e faz parte das comemorações do aniversário do Estado.

A novidade do Zastrozzi, escrito pelo canadense George Walker está na direção. Selton Mello, além de ser o protagonista – o mal -, dirige pela primeira vez ao lado de Daniel Herz. O elenco traz ainda Ângelo Paes Leme, Natália Lage, Michel Bercovitch, Álvaro Diniz e Gisele Câmara.

Walker, na verdade, faz uma paródia do estilo melodrama para contar a história de Zastrozzi, o mais terrível de todos os vilões. A peça retrata os momentos finais da perseguição que Zastrozzi impõe a Verezzi, um artista sonhador, para se vingar do assassinato de sua mãe. O autor propõe uma reflexão sobre a visão maniqueísta que faz parte de todo melodrama: a luta do bem contra o mal e do mal contra o bem.

George F. Walker nasceu em Ontário, no Canadá, em 1947 e trabalhava como taxista quando soube que o “Factory Theatre Lab” estava procurando novos autores. Foi para eles que vendeu a primeira peça, “The Prince of Naples” (O Príncipe de Nápoles). A companhia apresentou esse texto em 1972, e desde então, ele se tornou uma das estrelas do grupo. Depois de andar na corda bamba entre o empreendimento de artistas puristas e a comercialização, Walker se tornou um colecionador de prêmios. Ganhou duas vezes o “Governor General’s Awards”, quatro “Doras” e sete “Chamers Awards”. Apesar de Walker ser inédito no Brasil, suas peças foram apresentadas pelos Estados Unidos afora, incluindo Los Angeles, Seattle, San Francisco e Chicago. São mais de 100 montagens na língua inglesa e em várias traduções para o alemão, francês ou turco que tornaram o nome desse controverso autor conhecido em todo o mundo.

O Bem e o Mal

Zastrozzi, o personagem, apresenta-se como o vilão supremo do mundo, como a própria essência do mal. A mente deformada do personagem é o que determina a qualidade do texto de armar toda a ação com uma escala de valores oposta às tradicionais. Selton Mello, além de ser o personagem principal da trama, o próprio Zastrozzi, também dirige a peça. O antagonista de Zastrozzi, ou seja, o Bem, é vivido por Ângelo Paes Leme, que é perseguido incessantemente pelo personagem principal.

Os diretores Selton Mello e Daniel Herz descobriram o texto de Walker há 10 anos e desde então, montar Zastrozzi se tornou uma obsessão na vida dos dois. “Quando montei O Zelador, que foi minha primeira produção, cheguei a pensar em Zastrozzi primeiro, mas por algum motivo acabou não acontecendo”, conta Selton. A peça de Walker voltou à cena por causa de Ângelo Paes Leme, que leu o texto no ano passado, e incentivou os amigos a retomar o projeto. “Era o que faltava para a peça acontecer: um sangue novo. reconhece o ator. Ângelo assumiu o personagem que seria de Daniel, e Selton resolveu que estava na hora de enfrentar o desafio de dirigir o espetáculo. Então convidou Daniel Herz, um dos mais conceituados diretores de teatro de sua geração, indicado para o prêmio Shell deste ano pela direção de As Artimanhas de Scapino para dividir com ele a direção do espetáculo. “O mais interessante disso é que você se abre para novas experiências e novos encontros. A decisão de trabalhar em grupo é uma opção pelo exercício da flexibilidade. O exercício da renúncia, de negociação, da generosidade. Você sabe que vai ter que ceder em algum momento, ficar mais na sombra, e em outras horas vai poder avançar. Eu acredito que isso é um exercício de vida fascinante. Você se abre para o novo”, garante Herz.

Por suas cenas com arquitetura teatral sofisticada e diálogos matemáticos, o texto de Walker é um presente para os seis atores do elenco: Selton Mello, Ângelo Paes Leme, Natália Lage, Michel Bercovitch, Álvaro Diniz e Gisele Câmara. George Walker valoriza o jogo teatral de tal forma que a simplicidade passa a ser a peça mais importante da montagem, privilegiando o trabalho dos atores. Esse é também o grande segredo do diretor de arte Eduardo Filipe, responsável pelos cenários e programação visual. “No teatro, o centro das atenções tem que ser o ator. Por isso, em Zastrozzi, o cenário é pensado de uma maneira a aparecer menos que eles. Só para cumprir a necessidade cênica. Apenas num momento, usei slides e uma linguagem estética de história em quadrinhos num bombardeio de imagens durante um pesadelo de Zastrozzi”, conta Eduardo. Um clima que é reforçado pelo jogo de sombra e luz criado pelo iluminador Aurélio de Simoni.

Figurino

Tatiana Rodrigues criou um figurino que, apesar das referências de época, é moderno. “ Fiz uma pesquisa em cima do que existe no momento no mercado de moda, e percebi que John Galeano faz muito bem essa transmutação da roupa de época para a realidade. Resolvi seguir essa linha. Apesar de cada personagem ter uma particularidade”, garante a figurinista. Mas Zastrozzi inova mesmo quando se fala em trilha sonora. Pela primeira vez em uma peça, a música criada especialmente para Zastrozzi pelos Guevara Brothers (Marcelo Vindicatto e Plínio Profeta), está presente em todas as cenas. “O importante é que a trilha é original e dá a ambientação aos personagens. Ela fica o tempo todo rolando. Essa era uma proposta que nós tínhamos há um tempo e só agora, finalmente, conseguimos botar em prática”, revela Vindicatto.

Fonte:Midia Brasil Telecon

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