08/01/2005 08h25 – Atualizado em 08/01/2005 08h25
Folha On line
Uma tempestade com raios provocou um novo apagão na região norte do Estado do Rio e em praticamente todo o Espírito Santo na tarde desta sexta-feira, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A informação foi confirmada pelo presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues de Oliveira.
O blecaute começou às 14h17 (horário de Mato Grosso do Sul) e durou cerca de 30 minutos. Três municípios de Minas Gerais também foram afetados: Cataguazes, Leopoldina e Além Paraíba. Segundo o diretor de operações do ONS, Luís Eduardo Barata, o problema foi causado pela interrupção em duas linhas de transmissão de 345 KV de Adrianópolis a Campos, Macaé e Vitória. Com o seu desligamento, outras quatro deixaram de ser alimentadas. Com isto, Adrianópolis-Macaé, Macaé-Campos, Campos-Vitória, Governador Valadares-Mascarenhas, Campos-Rocha Leão e Campos-Cachoeiro do Itapemirim apresentaram problemas.
De acordo com Barata, a falta de luz não chega a ser considerada um “apagão” e deve ser entendida como um “desligamento localizado”. Ele descartou qualquer relação com o apagão que atingiu os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro no último sábado.
“Não tem absolutamente nada a ver com o que aconteceu no dia 1´. Ali, infelizmente, foi uma falha humana e o evento de hoje (ontem) é realmente descarga atmosférica na linha, o que provoca a abertura dos circuitos para proteger a própria linha”, disse. Quando há uma descarga atmosférica (raio), o efeito é de um curto-circuito, o sistema de proteção abre a linha para eliminar o problema.
“Sempre que você tem uma região onde acontecem tempestades, você tem a possibilidade de descargas incidirem sobre linhas de transmissão. A atuação correta é exatamente a proteção: abre, elimina o defeito porque religa e recompõe o sistema, como foi feito hoje”, afirmou. Em nota oficial, Furnas informa que os desligamento ocorreram no trecho Adrianópolis – Macaé às 14h17 e às 14h19, com o restabelecimento na subestação de Campos às 14h39 e na subestação de Vitória, às 14h49.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) enviou ofício à Furnas cobrando explicações sobre as causas, a abrangência e as providências tomadas. A estatal tem até às 18h de segunda para fornecer os dados. Para o ONS, o desligamento não é sinal de que os apagões estejam de volta. “Este caso se enquadra no que chamamos de desligamento localizado”, disse.
Para o presidente de Furnas, o sistema é confiável e forte no Rio e ainda sujeito a problemas em Vitória. “A partir de fevereiro, não devemos mais ver este problema no Espírito Santo porque será inaugurada a linha Ouro Preto-Vitória”, disse. Nesta semana, o diretor-presidente do ONS, Mário Santos, afirmou que o país está livre de apagões, mas ainda sujeito a desligamentos localizados. “Num país com quase 80 mil km de linhas, o sistema sempre tem uma pequena falha de energia em um bairro ou em uma subestação que desligou”, afirmou Santos em coletiva anteontem.
No último sábado, o Espírito Santo e o Rio ficaram sem luz em razão de falha humana, de acordo com a conclusão do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, presidido pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Os sensores identificaram uma falha inexistente e interromperam uma das linhas de transmissão de Cachoeira Paulista (SP). Com isso, a outra linha em operação teve sobrecarga, o que causou o apagão naquele dia.
O Ministério de Minas e Energia havia descartado a possibilidade de novos apagões. Especialistas criticaram as condições de manutenção do sistema elétrico brasileiro e alertaram para a necessidade de mais investimentos no setor.