27/12/2004 08h06 – Atualizado em 27/12/2004 08h06
Terra
De acordo com balanço provisório divulgado por volta das 8h30, 22,8 mil pessoas já morreram em decorrência do terremoto que afetou a Indonésia no domingo e provocou um maremoto que devastou zonas costeiras de nove países da Ásia. De acordo com a agência de notícias AFP, o salto no número de vítimas ocorreu no Sri Lanka, passando de 5.860 para quase 11 mil óbitos.
O cataclismo de 9 graus na escala Richter, que pode se tornar um dos mais catastróficos do último século, provocou uma série de tsunamis (ondas gigantes com até 10 metros de altura) que deixou debaixo d’água milhares de quilômetros de costas em sete países do sudeste asiático: Índia, Sri Lanka, Indonésia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh.
Os serviços meteorológicos da Índia e do Sri Lanka alertaram hoje para a possibilidade de mais tsunamis atingirem países asiáticos nos próximos dois dias. Segundo especialistas, foram detectados outros tremores próximos à ilha de Sumatra, o que pode gerar ondas semelhantes às ocorridas ontem, porém de menor intensidade.
A expectativa é de que o tamanho das ondas chegue no máximo à metade das que devastaram no domingo áreas costeiras de oito países do sudeste asiático.
O tremor registrado no chamado “cinturão de fogo” do Pacífico foi o mais violento desde o registrado no Alasca em 1964 (9,2 graus na escala Richter) e um dos cinco mais poderosos desde 1900. Muitas crianças estão entre as vítimas na região do sudeste asiático, onde muitos turistas aproveitavam o feriado de Natal.
Na Índia, pelo menos 6.279 pessoas morreram, das quais 2.780 no estado de Tamil Nadu e pelo menos 3 mil nas ilhas Andaman e Nicobar, situadas no Golfo de Bengala, não muito longe do epicentro do terremoto, segundo a agência Press Trust of India Povoados inteiros foram devastados pela água e as ambulâncias cruzam o país, carregadas de mortos. Os necrotérios da cidade de Madras não têm mais condições de receber cadáveres.
O país sofreu com extrema violência o impacto do terremoto seguido de enormes ondas, que varreram centenas de quilômetros da zona costeira do país. As regiões turísticas foram particularmente afetadas e muitas instalações ficaram totalmente destruídas.
O Sri Lanka registra até o momento, quase 11 mil mortos – entre eles 70 turistas estrangeiros -, segundo fontes militares e os rebeldes tâmeis, grupo que controla uma parte da ilha. O país pediu a ajuda da comunidade internacional e as Forças Armadas foram mobilizadas nas zonas afetadas.
Na Indonésia, onde se situou o epicentro do sismo, pelo menos 4.725 pessoas morreram ao norte da ilha de Sumatra, segundo o ministério da Saúde, que acrescentou que povoados inteiros da zona costeira desapareceram. O maior número de vítimas fatais, pelo menos 3 mil, foi registrado na região de Banda Aceh, no extremo norte da província de Aceh na ilha de Sumatra. A polícia e os serviços de emergência acreditam que o número pode aumentar ainda mais.
Na Tailândia, a autoridades afirmaram que pelo menos 839 pessoas morreram e mais de 7,2 mil estão feridas. A região sul foi a mais afetada, em especial as ilhas de Phuket e Phi Phi que estavam repletas de turistas que passaram o Natal nas localidades. “Tudo está destruído, exceto os dois grandes hotéis de Phi Phi Don”, disse um policial.
Na Malásia, pelo menos 44 pessoas perderam a vida, incluindo crianças e idosos. As ilhas Maldivas – um pequeno paraíso turístico do Oceano Índico – também foram atingidas. Trinta e duas pessoas, entre elas um turista britânico, morreram e a maior parte da capital, Male, ficou inundada. O aeroporto teve que ser fechado.
Diante do temor da chegada de ondas gigantes a suas praias no Oceano Índico, vários países africanos – Quênia, Ilhas Maurício, Seicheles e Somália – ordenaram a evacuação das áreas costeiras. Vários países ocidentais, como França, Alemanha e Grã-Bretanha, instalaram células de crise para ajudar os milhares de turistas que passam o final de ano na região.
O papa João Paulo II pediu à comunidade internacional que ajude as populações afetadas. A ONU, os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália, França, Alemanha, Holanda, Rússia e Turquia ofereceram ajuda de emergência. A Comissão Européia autorizou a liberação de US$ 3 milhões para ajudar nas situações de emergência.
Desespero
Parentes procuravam conhecidos em pilhas de mortos colocados em corredores de hospitais e jogavam pétalas de flores nas águas da Índia para rezar pelo retorno seguro de milhares de pessoas ainda desaparecidas. Idílicas praias do sudeste asiático transformaram-se em cenário de morte e devastação após enormes ondas criadas pelo maior terremoto do mundo em 40 anos atingirem a ilha de Sumatra, na Indonésia, no domingo.
“As ondas nos perseguiam. Elas levaram todas as nossas cabanas. O que fizemos para merecer isso?”, disse Satya Kumari, trabalhador da construção civil que mora na periferia de Pondicherry, na Índia.
Agências internacionais de ajuda humanitária enviaram funcionários, equipamentos e dinheiro para a região e alertaram que corpos em decomposição já começavam a ameaçar o suprimento de água para os sobreviventes.
Uma espécie de parede de água de até 10 metros arrancou casas, levou barcos de pesca para estradas costeiras e carros para lobbies de hotéis, além de ter arrastado banhistas e pescadores.