06/12/2004 08h00 – Atualizado em 06/12/2004 08h00
Diário MS
A desobrigatoriedade do Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação de Origem Bovina e Bubalina) provoca uma inversão no mercado do boi gordo, na opinião de Ademar da Silva Junior, diretor-secretário da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). Agora, os frigoríficos exportadores terão que remunerar melhor o criador que produz carne rastreada e não baixar o preço da carne não rastreada, como acontecia antes, segundo ele.
No entendimento de Ademar, o rastreamento agora deixa de ser um ônus e passará a ser um bônus ao pecuarista. A arroba da carne rastreada vale de R$ 3 a R$ 4 a mais que a do animal criado sem controle. “A decisão de desobrigar a rastreabilidade foi tomada no dia 2 pelo Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), depois de muita negociação com os pecuaristas de todo o país.
“A decisão veio num momento oportuno, já que o setor de pecuária vem sofrendo um desgaste bastante significativo”, diz o diretor. MS tem hoje os 10 maiores frigoríficos exportadores de carne bovina do país.
Mas, a União Européia, que compra 5% da carne brasileira, continua importando somente a carne rastreada. Para não perder esse mercado, o ministro da Agricultura e Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, sugere adotar um modelo desenvolvido pelo Paraná. O Estado vincula informações do Sisbov à GTA (Guia de Trânsito de Animais).
Esse, segundo o ministro, pode ser um instrumento legal de ação sanitária e de identificação, que levará em conta ainda as regras internacionais. Um grupo de técnicos do Mapa e da Câmara de Agricultura e Pecuária estudam o modelo paranaense. Um outro grupo de técnicos deve seguir para a Europa nos próximos dias para rediscutir as regras e necessidade da rastreabilidade com a União Européia.
A idéia do grupo é discutir um modelo de certificação por propriedade para eventual substituição da rastreabilidade individual. “É para garantir que a legislação a ser aprovada pelo Brasil, esteja de acordo com as exigências internacionais”, garante o ministro.
Ainda segundo o ministro, a idéia é fazer com que o sistema de controle sanitário do animal não seja um ônus para o pecuarista. Foi justamente este quesito que gerou uma série de discussões em todo o país e que resultou na desobrigatoriedade. Hoje o custo da rastreabilidade é de R$ por animal.
Em Mato Grosso do Sul a principal reclamação contra a obrigatoriedade da rastreabilidade partia de pecuaristas dos 14 municípios peri-pantaneiros, que nem ao menos podem exportar por restrições da União Européia. A burocracia do sistema e a falta da mão-de-obra qualificada para realizar todas as etapas do procedimento também foi muito questionadas.
Atualmente, a estimativa é de que o Sisbov tenha cerca de 15 milhões de cabeças registradas no banco de dados em todo o país. Em MS em torno de 10% das 24 milhões de cabeças do rebanho já são rastreadas. A rastreabilidade foi implantada no país em 2002 com o objetivo de garantir qualidade à carne brasileira para as exportações.