28/09/2004 11h06 – Atualizado em 28/09/2004 11h06
EFE
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Polônia, Aleksander Kwasniewski, repassaram nesta terça-feira a agenda das relações bilaterais, em particular a cooperação militar, e trocaram opiniões sobre a luta contra o terrorismo.
Putin afirmou que a Polônia “continua sendo, após sua entrada na União Européia (UE), um dos principais sócios da Rússia na Europa central e oriental”, ao dar as boas-vindas a Kwasniewski no Kremlin, segundo a agência Interfax.
O chefe de Estado russo destacou que as trocas comerciais chegarão no fim deste ano a 7 bilhões de dólares, e se queixou de que o crescimento das importações russas da Polônia seja maior que o das exportações para esse país.
“Mas a balança comercial está a favor da Rússia”, respondeu Kwasniewski, embora admita que “atualmente se abrem perspectivas completamente novas de cooperação econômico-comercial entre os dois países”.
Putin se disse satisfeito com o nível de cooperação bilateral no campo energético e, em particular, ressaltou que o gasoduto que a Rússia construiu através do território da Polônia praticamente já transporta a capacidade prevista, ou seja, 33 bilhões de metros cúbicos de gás.
O presidente russo acrescentou que a parte polonesa “cumpre seu compromisso de construir uma estação extratora de gás”.
Depois dessa introdução, o presidente russo chamou a atenção sobre um dos temas de grande interesse para Moscou: a modernização da frota de aviões de guerra de produção soviética que a Polônia possui.
“A parte polonesa tem o maior parque de aviões de produção soviética. Sei que os militares poloneses estão interessados na modernização e na reparação destes, e também em trabalhos conjuntos”, disse Putin.
O presidente russo ressaltou que “é necessário assinar um acordo correspondente, que defenda a propriedade intelectual e que regulamente a cooperação neste âmbito”.
Kwasniewski disse, por sua vez, que “antes havia uma boa cooperação” entre as indústrias militares dos dois países, e disse esperar que essa colaboração tenha desenvolvimento no futuro.
O presidente polonês, que faz uma visita de trabalho de dois dias à capital russa, disse que os assuntos relativos à cooperação militar serão analisados na reunião de amanhã entre o ministro da Defesa da Polônia, Jerzy Szmajdzinski, e seu correspondente russo, Sergei Ivanov.
A Rússia e a Polônia consideram necessário consolidar os esforços na luta contra o terrorismo, disse Kwasniewski em entrevista coletiva na sede da agência oficial russa Itar-Tass no final de sua conversa com Putin.
“Falamos do ato desumano em Beslan. Não há perdão para esse crime”, afirmou o chefe do Estado polonês ao se referir ao seqüestro de reféns por um comando terrorista nessa cidade da Ossétia do Norte, ataque que deixou quase 350 mortos.
Kwasniewski concordou com Putin na “necessidade de repassar informações sobre os crimes e prender os suspeitos”.
O presidente polonês disse que a Rússia prometeu entregar à Polônia documentos sobre a investigação do massacre de Katyn, cidade onde quase 15 mil oficiais do exército polonês foram fuzilados por ordem do ditador soviético Stalin.
Embora o massacre dos oficiais poloneses, com um tiro na nuca, tenha acontecido em meados de março de 1940, só foi descoberto em 1944, quando os nazistas encontraram as sepulturas coletivas na região de Smolensk, 350 quilômetros a oeste de Moscou.
Até agora, foram identificadas cerca de 4.500 vítimas do massacre, que a URSS sempre atribuiu aos alemães e que a Rússia só assumiu oficialmente no início da década passada.
“Fomos informados de que em 21 de setembro a investigação do massacre de Katyn foi concluída”, disse Kwasniewski.