23/11/2004 10h55 – Atualizado em 23/11/2004 10h55
APN
Desde que a Aids surgiu, no início dos anos 80, sua imagem sempre foi de uma doença de jovens, ou que a doença acometeria somente pessoas consideradas em idade fértil, ou seja, até os 49 anos. É verdade que o maior número de casos da doença no mundo concentra-se nesta faixa etária até 49 anos, mas, isso não isenta a população acima dos 50 anos a contrair o vírus HIV.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, os índices de casos de Aids no Estado, acima dos 50 anos, estão dentro da média brasileira, com 7,8 % total dos casos
No Estado, os casos registrados no período de 1984 a agosto de 2004, é de 2.971. Destes, 214 são de pessoas acima de 50 anos, sendo 154 homens e 60 mulheres. Em 2004, somente até o mês de agosto, foram notificados oito casos nesta faixa etária, sendo, três do sexo feminino e cinco do sexo masculino.
Para a Coordenadora Nacional do Programa do Idoso, do Ministério da Saúde, Neidil Espínola da Costa, a nova geração de idosos possui recursos que prolongam a expectativa de vida, e conseqüentemente, melhora também o seu desempenho sexual, por exemplo: tratamentos hormonais, próteses, medicamentos como Viagra e outros avanços da medicina.
Esses avanços nem sempre estão sendo acompanhados de informações sobre o exercício da sexualidade saudável, de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, e principalmente ao HIV/Aids, podendo com isso, contribuir para o aumento da vulnerabilidade desta população à infecção por essa doença.
Outros fatores que influenciam diretamente no estado de vulnerabilidade das pessoas acima dos 50 anos, se deve ao fato de que, culturalmente, a sociedade nega o direito do exercício sexual das pessoas após a considerada idade reprodutiva, associada ainda às diferenças culturais, econômica, raciais, étnicas e de gênero.
Para Vera Ramos, da Coordenação Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), torna-se indispensável investir em campanhas a toda população visando mudanças na forma de como a sociedade concebe culturalmente as questões sexuais sem hipocrisia, de forma a vislumbrar um futuro mais saudável e quem sabe mais feliz para as pessoas na maturidade, e até para nós mesmos.
Na perspectiva de reduzir o impacto da epidemia nesta faixa etária, o programa Nacional de DST/Aids, está preparando campanhas, com materiais educativos voltados exclusivamente a essa população.